Fecan terá oficina de penteado afro

Jornal O Norte
Publicado em 13/05/2010 às 10:41.Atualizado em 15/11/2021 às 06:28.

Michelle Tondineli


Repórter



Chamamos cultura afro-brasileira o conjunto de manifestações culturais do Brasil que sofreu algum grau de influência da cultura africana desde os tempos do Brasil-colônia até a atualidade. Com a intenção de mostrar à população um pouco da cultura afro-brasileira, o VI Fecan - Festival de cultura negra realizará no dia 22 de maio a oficina de penteados afro.



De acordo com a professora Josilene  Dales, o interesse pelas tranças afro aumentou bastante nos últimos anos.



DIVULGAÇÃO


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Trança desenhada e com linhas.



- Há cerca de 10 anos, aprendi sozinha a técnica. É possível fazer vários tipos de trança. Existe trança rasteira, que rasteira no couro cabeludo até onde desejado, africana, bago. As técnicas podem ser de trança para dentro e para fora, e tem a técnica que não é trançada. Algumas pessoas já vêm determinando como querem a trança, outras pedem que escolha a melhor forma com o rosto – diz.



O cabelo a ser trançado deve ter no mínimo cinco centímetros do couro cabeludo até as pontas.



- Dá para fazer aplique e fazer a trança, mas se o cabelo tiver muito curto não é possível. Você pode ficar com a trança o tempo que quiser, conforme for aumentando a distância do couro cabeludo para a raiz. O tempo mínimo que se fica com uma trança é uma semana e no máximo 40 dias. O cabelo perde bastante fios por dia, e aí eles vão ficando presos na trança, é necessário lembrar disso - afirma.



Josilene, que costuma trabalhar mais com tranças rasteiras, diz que é difícil precisar quanto tempo vai demorar para fazer cada tiara.



- Uma tiara pode demorar de cerca de 20 minutos a uma hora. Vai depender se é do cabelo todo, mais desenhado, se é reto, sem adereço. O cabelo todo pode demorar de 2 horas a 2 horas e meia o cabelo todo. Para tirar a trança é bem mais rápido, no mínimo 10 minutos, no máximo meia hora. Essa diferença de tempo para fazer e tirar acontece porque para fazer é necessário analisar o cabelo e as divisões, e para tirar, não, você vai desfazer. Tem gente que tira com o cabo do pente, mas o ideal é no próprio dedo - diz.



A professora afirma ainda que as oficinas são divididas por nível. A que acontecerá no Fecan é de iniciação.



- Vai depender de qual nível você está, se sabe trançar bem, dividir o cabelo, desenhar. Vamos aprender trança rasteira, tem gente que não sabe nem dividir o cabelo para trançar. Em nenhum momento eu nego a minha cultura, sempre estou estudando ou participando dos grupos, como o de dança afro, maculelê e capoeira - afirma.



Ela acredita que as pessoas não possuem conhecimento e nem estudo da cultura e já discriminam.



- Todos devem estudar para saber o que falar do assunto. O preconceito que as tranças geram é grande. Hoje, existe uma visibilidade maior e acredito que as pessoas criticam sem conhecimento, julgando só por olhar. Já trancei um cabelo e a mãe da pessoa discriminou o penteado, não só da leitura histórica, mas de gerações, de onde veio e quem são as pessoas que praticam. As pessoas ficam denegrindo a imagem só porque usam uma trança - finaliza.



As inscrições estão sendo realizadas no Necun - Núcleo de cultura negra, localizado na Avenida Deputado Esteves Rodrigues.

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