Fabrício Carpinejar escreve sobre a busca de sentido em meio ao caos da pandemia

Paulo Henrique Silva
Hoje em Dia - Belo Horizonte
26/05/2020 às 23:58.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:36
 (BEATRIZ REYS CARPINEJAR/DIVULGAÇÃO)

(BEATRIZ REYS CARPINEJAR/DIVULGAÇÃO)

“Na verdade, não estava com tempo livre. Ele estava preso”, corrige o escritor Fabrício Carpinejar, ao comentar o livro recém-lançado “Colo, Por Favor! Reflexões em Tempos de Isolamento”, o primeiro a tratar do tema quarentena. “Preso na angústia, na incerteza, no medo... Era uma obrigação (escrever)”, completa o poeta e cronista gaúcho que há cinco anos vive em Belo Horizonte.

Dizendo-se “impregnado em mineiridade”, Carpinejar tinha uma rotina de “se refugiar no Minas Tênis Clube”, próximo à sua casa (ele mora em Lourdes), onde geralmente punha suas ideias de textos no celular. Agora recluso, acompanhado apenas da esposa Beatriz, a pandemia de coronavírus não diminuiu o ímpeto dele em escrever, tendo completado o livro em apenas um mês.

“Foi um processo muito intenso, emocional. Precisava organizar a ansiedade e o medo e entender o que estava acontecendo. Nunca havíamos vivenciado isso, tornando-se uma página muito triste da nossa história”, analisa Carpinejar, que não se permite reclamar de nada. “Entendi que, no isolamento, estamos protegidos. Tédio é um luxo diante de quem tem que ir à rua trabalhar”.

COLO 
Após ser disponibilizado em e-book pela editora Planeta, “Colo, Por Favor!” chega ao formato físico nesta semana. “O livro é um mergulho sensível em nossa fragilidade, naquilo que a gente mais sente falta: o colo. O abraço já não é suficiente. O beijo também não. O que queremos é retornar àquele lugar central, do colo do pai, da mãe, da namorada, do Sol, da rua...”, registra.

O medo maior, segundo ele, vem do que não se pode ver. “Sinto como se fosse uma formiga perto de ser esmagada. É como se estivéssemos dentro num microscópio. É muito assustador pensar neste aspecto”, pondera, voltando ao exemplo da formiga ao reforçar a ideia de saúde como algo coletivo. “A saúde não é mais uma posse. Ao cuidar de si, está cuidando do outro. Como num formigueiro”.

Para Carpinejar, a gentileza se tornou uma necessidade, “uma forma de sobrevivência, não sendo mais possível dizer ‘não vou fazer’ porque ela trará consequências”. Ele salienta que o Brasil teve o privilégio de assistir ao trailer da epidemia, que aconteceu primeiramente na Ásia e na Europa. “Mas fez de conta que não seria o mesmo filme aqui. O nome disso é soberba”, lamenta.

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