No mês em que se celebra o centenário da Semana de Arte Moderna, que ocorreu entre 13 e 18 de fevereiro de 1922, dois autores norte-mineiros lançaram um livro sobre esse marco cultural brasileiro. “Uma tristeza mineira numa capa de garoa”, escrito pelos montes-clarenses Ivana Ferrante Rebello e Oliveira e o arqueólogo e historiador Fabiano Lopes de Paula, foi apresentado ao público em um evento realizado na semana passada.

O livro reconta a história da semana ao revelar nomes de mineiros que foram rasurados da história do evento. Esse novo olhar que se transformou em livro, segundo Fabiano, se deu por acaso e pela amizade. 

“Eu e Ivana nos conhecemos desde pequenos. Retomamos a amizade cerca de oito anos atrás. Gostamos de livros alfarrábios, vinhos, histórias antigas, casos curiosos e de uma boa literatura, principalmente se for ambientada nos rincões do sertão mineiro. Numa destas conversas, veio o nome de Agenor. Desconhecido, resolvemos pesquisar. E para nossa surpresa, vida de pesquisadores, culminou com o livro”, conta Fabiano.

Para a noite de lançamento do livro, os autores decidiram fazer um evento interativo em todos os sentidos. “Uma noite artística, com pessoas interessadas. O mais importante, conseguimos mostrar a importância do nome de Agenor para sempre na Semana de 22”, celebra o historiador.

“Uma tristeza mineira numa capa de garoa” não é o primeiro livro de Fabiano Lopes de Paula. Ele também idealizou e ajudou a organizar uma bela obra chamada “Rua de Baixo, o passado reencontrado”. O livro foi lançado no Corredor Cultural em 2014. Trata-se de uma coletânea de histórias e biografias familiares sobre a parte mais antiga de Montes Claros.

“É uma obra de afeto, de vários moradores da região sobre as suas histórias. Materializa o amor e a percepção da cidade onde vivemos a partir dos olhares dos descendentes de velhos troncos familiares de Montes Claros”, explica. 

Atualmente, o arqueólogo e historiador está voltado para duas grandes áreas de pesquisa: o estudo de proteção de antigas áreas de mineração e sobre a religiosidade popular.

“Principalmente as rotas da fé, os milagres e a tradição religiosa, seja na prática ou nas expressões de pagamento de promessa e seus ex-votos”, diz.

SOBRE FABIANO
Arqueólogo de formação, Fabiano iniciou sua atuação há muitos anos, quando ainda morava em Montes Claros. Isto foi nos idos da década de 1970, uma época de muita efervescência cultural com propostas para a preservação da Lapa Grande.

Neste período, atuava com doutor Artur Jardim, Simeão Ribeiro, professor Francisco Sobrinho, professor Antônio de Oliveira Mendes e Leonardo Campos. Em 1985, sugeriu e coordenou o Inventário Cultural de Montes Claros, o Ipac e o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha). Foi um trabalho pioneiro em Minas.

Licenciado em História, bacharel em Direito, Fabiano é mestre em arqueologia pela USP, com MBA em Gestão de Pessoas pela Fundação Getúlio Vargas. Doutor em Arqueologia pela Universidade Trás os Montes e Alto Douro Portugal. É servidor público desde 1984, quando entrou para o Iepha.

Nos últimos três anos trabalhou no Centro de Arte Popular e Diretoria de Museus. Já trabalhou por longos anos na Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), também foi superintendente do Iphan em Minas de 2003 a 2006 e, agora, está em processo de aposentadoria.

Fabiano tem vários artigos publicados, em Minas Gerais, Brasil e exterior e é também membro do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros e ocupa a cadeira 66, cujo patrono é José Lopes de Carvalho, de cuja família é descendente.

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