A Exposição de Primavera, promovida pela Associação de Artistas Plásticos de Montes Claros, acontece de 9 a 15 de setembro de 2025, no Centro Cultural Hermes de Paula. O evento reúne 25 obras de artistas locais, que, inspirados pela renovação da primavera, expressam, em diferentes técnicas e linguagens visuais, a conexão entre arte, natureza e emoção.

A mostra é um convite à contemplação, à sensibilidade e à celebração da vida por meio das cores e formas que marcam essa estação. Participam artistas como Adriana Santos, Andrea Cardoso, Cecilia Schmidt, Cleiton Cruz, entre outros. A visitação ocorre de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, com abertura oficial no dia 9, às 19h30.

Questionado sobre como a natureza influencia seu trabalho artístico, o presidente da Associação, Hélio Brantes, afirma:

“A natureza influencia diretamente, seja no fazer artístico — como a tinta que seca mais rápido no tempo seco do que nos dias chuvosos — seja na inspiração trazida pelas mudanças do clima e pela marcação das estações. Caminhar pela cidade e observar as barrigudas florescendo em maio e o seu algodão forrando o chão do Parque Sagarana, ou a florada dos ipês em breve, tudo isso desperta sensações e conduz o olhar criativo”, diz.

Sobre a obra que expõe na mostra, ele compartilha:

“Toda obra carrega a memória e as vivências do artista. Em Murano, pintura em acrílica sobre tela, trago lembranças das casas da minha infância no Rio de Janeiro — de meus avós, vizinhos, amigos —, simples, mas elaboradas e muito detalhadas nos acabamentos. É uma estética popular que trago comigo e hoje entrelaço aos casarões da Praça da Matriz em Montes Claros. A obra também é atravessada por referências da cultura popular brasileira, da infância marcada pela televisão e desenhos animados, além da experiência como arquiteto, que me aproximou do paisagismo e das plantas exóticas nacionais, retratadas em meus florais.”

Para Brantes, fazer parte da Associação é fortalecer a arte por meio do coletivo:

“Cada mostra é uma oportunidade de troca entre artistas e público, um espaço de diálogo que, há quase 40 anos, vem impulsionando a cultura do Norte de Minas. A Associação já contou com nomes consagrados e iniciantes, sempre renovando e abraçando novas gerações. Para mim, é motivo de prazer e compromisso montar cada exposição, que funciona como um verdadeiro termômetro da produção artística da cidade.”

Flores e a renovação da criatividade
O artista Onofre Santos também participa da mostra. Ao ser indagado sobre a técnica e os materiais utilizados em sua obra, ele explicou:

“A técnica que desenvolvo no meu trabalho há mais de 50 anos é a pintura a óleo sobre tela. Foi uma escolha pessoal que se tornou essencial no desenvolvimento do meu trabalho e que enriqueceu meu talento autodidata. Através dessa técnica, procuro levar o espectador à contemplação.”

Sobre o processo criativo da obra que apresenta nesta exposição, ele acrescenta:

“A criação é espontânea, não tem controle. Nesta mostra, trabalho dentro do realismo, explorando requisitos como luz, sombra, organização espacial e composição — características que sempre trago em toda a minha obra.”

A primavera como recomeço
A artista plástica Rose Andrade destaca que a primavera inspira sua arte por evocar a ideia de recomeço:

“O perfume das flores, as cores florescendo na luz suave do dia, fazem-nos lembrar que a arte é, também, um espaço de renovação. Em cada obra posso me expressar, renascer, experimentar e refazer sentimentos que estavam adormecidos. A natureza se refaz, e a arte transforma o que sinto em algo vivo e vibrante.”

Rose também revela seu processo criativo e a importância do contato com o público:

“Os temas florais sempre me encantam. Inspiro-me na natureza, nas memórias e nas histórias das pessoas. O contato com o público é essencial: quando alguém se emociona ou se reconhece na obra, sinto que a arte cumpriu sua missão.”

Para ela, o grande diferencial da mostra é a diversidade de olhares reunidos em um mesmo espaço:

“Cada artista traz sua vivência, suas cores e sentimentos. É bonito ver como as obras dialogam entre si e com o público, celebrando a estação das flores e a renovação da criatividade”, conclui.