Jerúsia Arruda
Repórter
jerusia@onorte.net
Dando continuidade à turnê iniciada no final de 2006, o Grupo Ditarso apresenta neste domingo o espetáculo de dança Pedro e o Lobo, na cidade de Bocaiúva. A apresentação faz parte de uma iniciativa que tem por objetivo fazer circular pelo Norte de Minas espetáculos do repertório da companhia
A turnê, que começou em novembro do ano passado, vai percorrer oito cidades do Norte de Minas, com apresentação gratuita em noites de domingo, nas praças principais das cidades, que terão uma estrutura cênica montada especialmente para o evento.
Segundo Paulo di Tarso, a reação das crianças é quase mágica e todas querem entrar em contato com os personagens quando o espetáculo termina (foto: Bruno Rocha)
Homônimo do clássico infantil russo, adaptado para o baleteatro pelo bailarino e coreógrafo Paulo di Tarso, o espetáculo Pedro e o Lobo vem sendo apresentado pelo Grupo Ditarso desde 2001, quando, nos anos de 2001 e 2002, incentivado pela Lei Rouanet, levou gratuitamente ao Centro cultural Dr. Hermes de Paula mais de 6.000 crianças da rede municipal de ensino de Montes Claros.
O espetáculo também foi beneficiado pelo Programa BNB de Cultura, editais 2006 e 2007, e pela Lei estadual de incentivo à Cultura, que possibilitaram a realização da caravana pela região.
Segundo o diretor e coreógrafo Paulo di Tarso, na versão para dança criada pelo grupo, foram observados os valores necessários a uma infância culturalmente rica e o estímulo a uma fantasia saudável.
- Historicamente, a arte erudita esteve confinada a espaços destinados às elites, não apenas em termos de sua apropriação concreta, mas, sobretudo, em termos de sua apropriação simbólica. Primeiro, por propor a gratuidade das apresentações; assegurando o acesso mesmo que haja impedimento financeiro. Segundo, por acontecer em praças públicas cujo acesso é irrestrito, sem barreiras físicas ou culturais. Terceiro, por se adequar aos costumes das localidades, ao eleger as noites de domingo como momento privilegiado para aglomerar toda a comunidade em torno do espetáculo – explica.
Paulo diz que as pessoas têm sido muito receptivas em todas as cidades por onde o grupo passou.
- Estamos sendo muito bem recebido nestas cidades. Na hora do espetáculo, a reação das crianças é quase mágica, parece que estão em outro mundo; acho que no da fantasia. É muito bacana ver o brilho no olho de cada uma – diz o bailarino.
Paulo conta que, depois de uma reunião com a secretaria de educação e diretoras das escolas da cidade visitada para acertar os detalhes, dias antes da apresentação, atores da cidade se vestem com o figurino dos personagens do espetáculo e vão às escolas na hora do recreio e perguntam às crianças se elas viram um lobo por perto.
- Depois do recreio, quando as crianças voltam para a sala de aula, recebem o panfleto do espetáculo e todos se empolgam com a idéia. Então, quando chega o dia da apresentação, elas já estão motivadas, com a curiosidade aguçada. É bacana quando o espetáculo termina e elas entram em contato com os personagens. É tudo muito fantasia, e, atualmente, isso está cada vez mais raro na vida das crianças – avalia o diretor.
Em 2004, o espetáculo foi apresentado em praça pública em Pedras de Maria da Cruz, no Norte de Minas e, segundo Paulo, o impacto causado nas crianças e adultos deste município foi muito acima do esperado.
- Essa apresentação marcou muito para o grupo e, desde então, passamos a observar a realidade cultural do Norte de Minas no âmbito das artes cênicas e pensar uma inserção efetiva neste cenário. Foi assim que nasceu a idéia do projeto itinerante – completa Paulo.
A caravana já visitou Capitão Enéas, Janaúba e Francisco Sá e, neste domingo chega a Bocaiúva, para encerramento das comemorações da Festa do Bonfim. A apresentação acontece 20h30, na Praça da Matriz Nosso Senhor do Bonfim. Segundo Paulo, as próximas cidades a serem visitadas são Brasília de Minas, Januária e Pirapora, ainda este ano.
- É bom dançar em outro em outra região, estado ou país, mas nada se compara ao olhar das crianças que têm assistido ao nosso espetáculo. È muito gratificante. Mesmo que os recursos que usamos sejam escassos, vale a pena cada sacrifício. Estamos muito felizes com os resultados do projeto – conclui o diretor.