Michelle Tondineli


Repórter

Começou esta semana no centro cultural Hermes de Paula da cidade, uma exposição com 37 esculturas feitas em pedra sabão que foram produzidas pelo artista e engenheiro mecânico Gilberto Gomes. Além da exposição existe o espaço Dê o seu toque, para saber se as pessoas gostariam de ser um escultor e sentir como é realizar a produção de esculturas.

(fotos: MICHELLE TONDINELI)





Gilberto apresenta exposição.

Para Fernanda Vasconcelos, é importante que as pessoas da cidade tenham conhecimento destas exposições culturais, que mostram o verdadeiro valor de um artista na cidade, o que é muito difícil.

- Acho importante, que possamos conhecer um pouco sobre esta arte e poder escolher o que comprar. É interessante que logo me identifiquei com o faraó e acho que vou levá-lo – brinca.

QUANDO TUDO COMEÇOU

Gilberto começou a esculpir quando tinha apenas sete anos na escola primária onde estudava. Ninguém o ensinou como fazer, ele simplesmente pegava um giz colorido, um gilete de apontar lápis e ia esculpindo.

- Um colega meu me arrumou um giz colorido e eu tinha uma gilete quebrada para apontar lápis, ai eu peguei a gilete e fui esculpindo no giz colorido, e dei de presente para o meu colega, ai um colega viu e pediu também, ai fui esculpindo para a sala todinha - relembra.

Gilberto ainda conta que a professora havia descoberto o desaparecimento do giz, e que logo apontou ele como o culpado. A sua surpresa foi que, ao invés da professora questiona-lo sobre a perda do giz, ela o parabenizou e o incentivou a continuar com a produção das esculturas.

Durante 30 anos, Gilberto não realizou mais a produção de esculturas dedicando-se apenas a sua vida escolar e pessoal.

O RETORNO

Depois de 30 anos Gilberto recebe de presente uma pedra sabão, nesta pedra, ele realizou a produção de um cinzeiro. Depois foi solicitada a produção de outro cinzeiro, sendo que dessa vez foi acrescentado o rosto da pessoa. 

- Daí foi surgindo a oportunidade de esculpir e eu fui criando habilidade, fazendo minhas próprias ferramentas, sem me machucar e estragar a pedra eu comecei a trabalhar na pedra sabão - conta.

INSPIRAÇÃO

Há cerca de 30 anos Gomes cria esculturas como uma forma de relaxamento nos seus horários vagos. Ele conta que existem pedras sabão na sua residência, no seu ateliê, em Várzea da Palma, em Diamantina e em São João da Ponte pra que sempre quando tiver um tempinho possa estar esculpindo.

Gilberto ainda revela que não existe tempo determinado para concluir a produção de uma escultura, de acordo com a intuição do momento ele vai fazendo duas ou três de uma vez.

- Quando eu vou esculpir eu me zero no tempo. Eu olho para a pedra e é como se ela me chamasse e falasse o que ela quer ser, que formato ela quer ter. Quando vou produzindo ela vai me falando o que quer, as vezes eu entendo que ela quer ser uma imagem no início e ai depois percebo que ela quer ser outra coisa - explica.

EXPOSIÇÃO E AULA

Além da exposição da cidade, Gilberto realizou sua primeira exposição em Várzea da Palma pela Caixa econômica federal, daí surge a aula.

Gilberto já deu aulas para aprender como manusear as ferramentas na cidade de Várzea da Palma, ele conta que a inspiração vem da pessoa, por isso a aula é de manuseio, pretendendo realizar uma aula assim em Montes Claros também.

- Para o primeiro toque é interessante ter uma pedra lisa, depois que as pessoas vão sendo inseridas em outra. Cada uma das esculturas esta na alma, como surgiu na hora eu não tenho preferência por nenhuma das minhas esculturas. Muitas imagens das esculturas eu tiro de livros, ou vou selecionando várias imagens para formar a minha - conta.

ONDE CONSEGUIR?

Gomes retrata que as pedras são compradas de Congonhas, Diamantina e Várzea da Palma, não sendo muito caro, algumas são coletadas. Ele seleciona somente os centímetro ou metros da pedra, sem formato exato.

O QUE É ESCULTURA?

Escultura é uma arte que representa imagens plásticas em relevo total ou parcial. Existem várias técnicas de trabalhar os materiais, como a cinzelação, a fundição, a moldagem ou a aglomeração de partículas para a criação de um objeto.

Vários materiais se prestam a esta arte, uns mais perenes como o bronze ou o mármore, outros mais fáceis de trabalhar, como a argila, a cera, pedra sabão ou a madeira. Embora possa ser utilizado para representar qualquer coisa, ou até coisa nenhuma, tradicionalmente o objetivo maior foi sempre representar o corpo humano, ou a divindade antropomórfica. É considerada a quarta das artes clássicas.