Em defesa da maior valorização da arte

Um dos professores da escola que será inaugurada em MOC, Jorge Delavega defende mais estímulo aos jovens

Adriana Queiroz
18/01/2019 às 06:19.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:05
 (Arquivo Pessoal)

(Arquivo Pessoal)

Um dos professores convidados para a Escola de Artes que será inaugurada no próximo dia 26, em Montes Claros, é o artista Jorge Delavega, de 25 anos, coordenador de uma das maiores escolas virtuais de pintura com alunos de vários países.

Formado em Artes Plásticas e doutor pela Federação Brasileira dos Acadêmicos das Ciências, Letras e Artes (Febacla), reconhecida no Brasil e exterior, Delavega ministra cursos de pintura em óleo sobre tela, objetos cerâmicos e pintura em tecido. “É um trabalho que exige muito da capacidade motora e sensorial”, atesta .

Montes-clarense, filho de dona Judite e de seu Paulino (falecido), o artista residiu por muito tempo em Brasília de Minas e atribui à família, que sempre o apoiou, as conquistas na carreira. “Alguns amigos também contribuíram para que eu chegasse até aqui”, conta o artista, que defende maior estímulo no país ao ensino e gosto pelas artes.

“Vemos que grande parte da população não valoriza a arte. Porém, é por meio dela que entendemos mais a história e a política das épocas”, diz o artista, que discorre a seguir sobre arte, ofício e o trabalho que fará junto à Escola de Artes.
 
Delavega é nome artístico?
Antes era artístico, hoje está em fase final para se tornar sobrenome.

O que irá desenvolver na Escola de Artes em Montes Claros?
Não irei apenas ensinar a usar as cores e a pintar, mas desempenhar um papel que é de formar novos artistas levando o meu conhecimento para eles. Irei despertar o interesse, a sensibilidade para se inspirarem. O artista precisa ver e sentir para criar.
 
O que falta atualmente para incentivar mais o gosto dos jovens pelas artes?
No Brasil contemporâneo, vemos que grande parte da população não valoriza a arte. Porém, é por meio dela que entendemos mais a história e a política das épocas. A arte brasileira não é vista como um conteúdo importante, é interpretada como algo secundário. A falta de incentivo nas escolas e na família é um dos principais fatores que ocasiona essa deficiência cultural nas crianças e jovens. Para incentivar, é preciso despertar o interesse pela arte nesses jovens, criando oficinas e eventos culturais.

O preconceito em relação à arte não surgiu agora, mas vem desde o império, quando o ensino artístico era considerado apenas um adorno. Há pintores impressionantes, como Pablo Picasso, que retratou um dos horrores da Segunda Guerra Mundial na pintura “Guernica”. Certamente, por meio da arte, entendemos mais a história e a políticas. Em conclusão a esses fatos, vemos que a família, a escola e o Estado devem incentivar mais as crianças sobre a arte. Para que ela seja valorizada, é importante modificar o pensamento da sociedade para que a arte não seja considerada uma cultura secundária.
 
Ausência de público não é problema somente nas artes plásticas, não é mesmo? Nas galerias, lançamento de livros, cinema e teatro, também há o mesmo problema. A que você atribui esse desinteresse pelas artes em nossa região?
A falta de interesse, como disse anteriormente, vem desde o meio familiar e escolar. As pessoas se fecham e não buscam informações. São poucas as pessoas que hoje recebem uma dose de interesse pelas artes. O município ainda é deficiente no fomento à arte e isto não é apenas algo isolado daqui. É um aspecto que engloba todo o Brasil.
 
Que conselho você daria a um jovem aspirante a artista plástico?
O conselho que sempre dou é que busque sempre se aperfeiçoar, não basta apenas fazer. É preciso criar e ter a sua própria identidade artística. A arte evolui muito rapidamente e é preciso estar preparado para evoluir junto.

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