Educar para transformar: exposição itinerante sobre a obra do educador Paulo Freire chega a Montes Claros

Jornal O Norte
28/11/2006 às 09:46.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:45

Jerúsia Arruda


Repórter


jerusia@onorte.net

Alunos do colégio Integral e Impar, e acadêmicos do Isemoc, no campus Funorte-São Luis recebem exposição em homenagem ao professor Paulo Freire.

Os painéis fazem parte da exposição itinerante Paulo Freire - Educar para Transformar, promovida pela Fundação Banco do Brasil e pelo Instituto Paulo Freire, que já percorreu os 27 estados brasileiros, em mais de 800 municípios, desde 2005. A exposição integra o projeto Memória criado pela Fundação em 1997, visando aproximar a população dos autores brasileiros e suas obras.

Expostos pelos corredores do campus os painéis chamam a atenção dos alunos e visitantes pelo forte apelo à importância da educação para transformação da sociedade que a obra do autor instiga.

No último mês de setembro o Brasil inteiro rendeu homenagens ao revolucionário educador que, se estivesse vivo, completaria 85 anos no dia 19.

Em Minas Gerais, a Semana Paulo Freire (de 16 a 22 de setembro) idealizada pela Assembléia Legislativa de Minas Gerias em parceria com várias entidades e instituições em todo estado de Minas Gerais, promoveu reflexões, estudos e atividades artísticas e culturais em homenagem a um dos maiores educadores brasileiros.

Reconhecido internacionalmente pelo projeto educativo A Pedagogia do Oprimido, onde aborda a educação como prática de liberdade investigando suas múltiplas dimensões, Paulo Freire se tornou referência para os educadores de todo mundo.

Durante a Semana foi realizada, ainda, uma extensa programação em todas as escolas da rede pública estadual do estado, com apresentações culturais (shows musicais, peças teatrais, mostras de arte), exibição de documentário, debates e palestras, além da exposição itinerante.




A exposição integra o projeto Memória criado pela Fundação Banco do Brasil em 1997, visando aproximar a população dos autores brasileiros e suas obras


(foto: Wilson Medeiros)

Neste momento, quando a educação passa por uma avaliação em todo estado para definir a melhor forma de aplicação dos programas desenvolvidos pelos governos estadual e municipal na rede pública de ensino, a rede Soebras recebe a exposição itinerante em homenagem ao escritor, uma das maiores referências na educação na história do Brasil, contribuindo para despertar o interesse dos alunos pela leitura e pela escrita e, ainda, promover uma maior aproximação entre os acadêmicos dos cursos pedagógicos com a obra do educador.

Além de chamar atenção para o trabalho de Paulo Freire, a exposição tem como objetivo ressaltar a educação como importante agente no resgate da cidadania, na luta pelos direitos e na conquista de liberdade, como tão bem defende o educador em sua obra.

A ARTE DE EDUCAR

Paulo Freire nasceu em Recife, em 1921, e, desde cedo, conheceu a pobreza do Nordeste do Brasil. Ainda na adolescência engajou-se na formação de jovens e adultos trabalhadores. Formou-se em Direito, mas não exerceu a profissão, preferindo dedicar-se a projetos de alfabetização. Nos anos 50, quando ainda se pensava na educação de adultos como uma pura reposição dos conteúdos transmitidos às crianças e jovens, Paulo Freire propunha uma pedagogia específica, associando estudo, experiência vivida, trabalho, pedagogia e política.

O pensamento de Paulo Freire e sua teoria do conhecimento foram concebidos no início da década de 1960, emoldurada pelo agreste cenário nordestino, onde metade de seus 30 milhões de habitantes vivia na cultura do silêncio, como ele se referia ao dizer que eram analfabetos. Freire dizia que para construir um Brasil que fosse dono de seu próprio destino e que superasse o colonialismo, era preciso dar-lhe a palavra para que transitasse livremente na construção de sua própria história.

A partir dessas idéias, criou o método que o tornaria conhecido no mundo, fundado no princípio de que o processo educacional deve partir da realidade que cerca o educando. Segundo ele, não basta saber ler que Eva viu a uva. É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho.

As primeiras experiências do método começaram na cidade de Angicos (RN), em 1963, onde 300 trabalhadores rurais foram alfabetizados em 45 dias. No ano seguinte, Paulo Freire foi convidado pelo então presidente João Goulart e pelo ministro da Educação, Paulo de Tarso Santos para repensar a alfabetização de adultos em âmbito nacional. Em 1964, estava prevista a instalação de 20 mil círculos de cultura para 2 milhões de analfabetos. O golpe militar, no entanto, interrompeu os trabalhos bem no início e reprimiu toda a mobilização já conquistada.

Paulo Freire é preso, acusado de pregar o comunismo, exilado, permanecendo fora por 16 anos. Retorna ao Brasil em 1980, e começa a lecionar na PUC-SP e na Unicamp. Nessa época, lança três livros: Pedagogia do Oprimido, Ação Cultural para a Liberdade e Cartas a Guiné Bissau. Em 1989, torna-se secretário de Educação do município de São Paulo, na gestão de Luiza Erundina. Sua meta era fazer do aprendizado um ato político e reconhecer no educando um produtor de cultura, sujeito de sua história.

Freire morreu em 2 de maio de 1997, em São Paulo, aos 76 anos.





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A exposição pode ser visitada por alunos de outras escolas e pela comunidade em geral


Funorte-campus São Luis


Rua Lírio Brant, 787 – Melo. Telefone: (38) 3212-1555

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