(LEO QUEIROZ)
Antônio Carlos Ferreira, de 60 anos, nasceu em Uberaba, no Triângulo Mineiro, e lá iniciou o curso de Psicologia, concluído na UFMG, em 1985. Em 2001, terminou o mestrado em Saúde Pública, também pela UFMG, e, em 2016, o doutorado em Ciências da Saúde: Infectologia e Medicina Tropical, pela mesma universidade.
Trabalhou na Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros, de 1988 até 2017, sendo que nos últimos 19 anos atuou no Programa de IST/Aids, do Centro de Testagem e Aconselhamento em HIV/Aids, e junto a pessoas portadoras de HIV/Aids em Montes Claros e região.
Atualmente, trabalha nos cursos de Medicina e de Enfermagem da Unimontes.
Além disso, Antônio Carlos dedica algumas horas a compor canções, e, em fevereiro, participa do lançamento do CD do montes-clarense Jorge Takahashi.
Que tipo de música o atrai?
“Adoro música boa, ainda que o conceito de boa música seja um tanto questionável, por isso, prefiro falar dos gêneros musicais que gosto e dos que odeio. Adoro jazz, música popular brasileira, bossa nova, Clube da Esquina, samba, rock’n roll, blues, RAP, moda de viola e música clássica. Me recuso a ouvir: sertanejo universitário, pagode, música eletrônica e, funk, tolero alguma coisa. Também gosto de pintura, desde os clássicos aos grafites geniais do Kobra, ou a arte de Vic Muniz, adoro a história da arte, teatro, arquitetura em vários estilos, cultura popular, como as nossas Festas de Agosto, por exemplo, e é claro que gosto de ler um bom livro.
Como foi sua infância? O que ouvia?
Meu pai tinha uma boa coleção de discos de vinil. Às noites, com muita frequência, ele colocava os discos para tocar. Eu e meus irmãos ficávamos ouvindo Nelson Gonçalves, Ângela Maria, Cauby Peixoto, Orlando Silva, Francisco Alves, muitas duplas caipiras, como Tonico e Tinoco, Alvarenga e Ranchinho, Silveira e Silverinha, e várias bandas que naquela época eram conhecidas como regional do fulano de tal. Minha mãe ouvia muito rádio, por isso, ouvi muita coisa da Jovem Guarda, Bossa Nova, Tropicália e música popular, em geral. Tenho dois irmãos que tocam violão e dão aulas desse instrumento, por isso a casa dos meus pais sempre foi frequentada por muitos músicos amadores e profissionais. Difícil não tomar gosto pela boa música.
Quando começou a compor?
Em 1979 compus uma música e participamos de um festival em Uberaba. Não ganhamos nada, mas um amigo meu chamado Zizinho, do Vale do Jequitinhonha, cantava essa música minha por lá e em Belo Horizonte e todo mundo pensava que a música fosse de algum compositor do Vale. No início dos anos 80, compus o Rock do Coveiro. Há dois anos eu conversava com um grande amigo (Jaques Akerman) quando se aproximou uma moça e falou: você é o cara da música do coveiro, ou seja, após 35 anos, ela ainda se lembrava da música e, por isso, neste ano resolvi gravá-la. Ficou bem legal. Há uns quatro anos, Eustáquio Correia musicou um poema meu e, há dois anos, fiz uma letra para uma marchinha de carnaval e convidei Jorge Takahashi para colocar a melodia. Fomos compondo outras músicas em parceria e hoje já temos mais de 20 músicas, com letras minhas e melodias dele.
Tem outros parceiros musicais?
Depois, surgiu a parceria com Luciano Pacco. Já são mais de dez músicas com letras minhas e melodias dele. Além disso, tenho umas 20 outras músicas com letras e melodias minhas, sem parceria. Outro parceiro de uma única música é Vitor Hugo Manga. Me considero principalmente um letrista.
E como é sua participação no projeto com Jorge Takahashi?
Jorge Takahashi é um grande músico, com uma capacidade criativa riquíssima, com harmonias muito sofisticadas, melodias muito elaboradas. Ele tem um trato muito elegante com a música e tenho muita facilidade para escrever letras de músicas. Aí, descobrimos que minhas letras e as melodias dele se casavam muito bem.