Invasão asiática

Doramas, séries japonesas, caem no gosto do norte-mineiro

Alexandre Fonseca
Publicado em 21/11/2022 às 21:51.
"Pousando no Amor" é um dos "doramas" mais assistidos na Netflix. (Netflix/Divulgação)

"Pousando no Amor" é um dos "doramas" mais assistidos na Netflix. (Netflix/Divulgação)

Em um primeiro momento, a palavra pode soar estranha, o que não a impediu de ser sucesso entre os fãs e “figurinha fácil” nas redes sociais. Dorama é a forma como os japoneses leem a palavra drama (do inglês) com o katakana, silabário utilizado para “niponizar” palavras estrangeiras. Mas do que se trata, afinal?  

Bom, na web, o uso do termo para séries japonesas engloba uma variedade de produções asiáticas, como as novelas coreanas (K-drama) e chinesas (C-drama). 

O sucesso dessas produções é tão grande por aqui, que em 2020 o Brasil, o país das telenovelas, ficou em 3º no ranking de países que mais consumiram “doramas” durante o período pandêmico, conforme mostrou a pesquisa da Fundação Coreana para Intercâmbio Cultural Internacional (Korea Foundation for International Culture Exchange – Kofice).

A assistente administrativa Kenya Ramos, de 20 anos, acha que as telenovelas brasileiras banalizam a troca de afeto, fazendo com que o romance aconteça rápido demais.  

“Estamos tão acostumados a ver o relacionamento rolar tão rápido, que um beijo é algo super comum aqui no Brasil. Nos doramas é diferente: demora para acontecer. A importância que eles dão a esses temas é o que nos prende. O beijo demora a acontecer e até para pegar na mão tem aquele suspense”, observa. 

A opinião de Kenya é corroborada pelo fotógrafo João Paulo Andrade, de 33 anos. Espectador de produções asiáticas desde a infância (na década de 1990 houve a primeira “invasão” da cultura oriental no Brasil, com os animes), ele considera que nos doramas a questão comportamental tem um desenvolvimento amoroso melhor construído.  

“A questão é que o amor aqui acaba se resumindo muito ao contato físico e libidinoso. No dorama está muito mais ligado aos conflitos externos e culturais, assim como uma idealização do amor e das normas culturais”, destaca.

Conforme o jornalista, pesquisador da cultura asiática e organizador de um dos maiores eventos de cultura japonesa do Norte de Minas, Rodrigo Alkmim, a onda asiática atingiu o Brasil muito antes da popularização dos streamings, em meados de 1990. Mas a consagração só veio em 2012, quando o cantor Psy e seu hit chiclete Gangnam Style fizeram o mundo dançar.  

“Graças a ele, o mundo pode conhecer as músicas de bandas K-pop como Black Pink, Exo e BTS, hoje considerado um dos dez maiores artistas globais e detentor do clipe de maior visualização em 24 horas de estreia. Se me perguntarem se a cultura asiática veio para ficar no Brasil, responderei que sim”.

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