Do Jequitinhonha ao Tenesse

Aos 46 anos de carreira musical, Tino Gomes arranca aplausos no 28ª Festa do Pequi, em MOC, onde prestou homenagem ao artista Georgino Junior, falecido no ano passado

Adriana Queiroz
05/02/2019 às 07:43.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:24
 (LEO QUEIROZ)

(LEO QUEIROZ)

Tino Gomes, de 65 anos, foi uma das grandes atrações da 28ª Festa do Pequi que encerrou no último domingo, 3. O artista celebrou 46 anos de carreira, mas diz que, se for contar desde a época dos bailes, a conta seria outra, ou seja, 51 anos. Além do cancioneiro norte-mineiro e montes-clarense, o público cantou e dançou “Lond Moc”, música em parceria com o amigo Paulão Oliveira. “Muita gente curte essa mistura de nossa linguagem com a do mundo”, brinca Tino.

Um dos momentos especiais do show foi quando o artista apresentou “Do Jequitinhonha ao Tenesse”, última música que compôs ao lado de um dos maiores talentos culturais do Norte de Minas, o escritor, jornalista, cartunista, artista plástico, cronista, poeta e compositor Georgino Junior, que faleceu em outubro do ano passado.
 
Nas andanças pelo Brasil afora, o que mais o fascina nesta profissão e o que mais o deixa triste também?
O que mais me fascina é o povo. Na medida em que o povo tem a chance de conhecer os trabalhos, qualquer trabalho bacana com música boa, o povo gosta e aceita. O que me entristece é exatamente a falta de oportunidade que esse povo tem para conhecer a música, não é? A grande mídia é assim mesmo. Vende o que é mais fácil. E hoje, com o advento da internet, as coisas são muito rasas. Ninguém quer se aprofundar em nada. Tanto que se você pegar na própria rede, se você colocar um texto maior, com mais de dez linhas, ninguém lê. Fica naquela bobagem de uma só foto. Se você bota uma música no YouTube, por exemplo, que a pessoa tem que fazer um exercício de clicar num link, para ir à determinada música bacana, o cara não vai. O negócio ficou muito superficial. Sou de outro tempo em que as pessoas se aprofundavam mais, conheciam mais o trabalho dos artistas.
 
Se pudesse dar um único conselho para os que estão começando agora, qual seria?
Só tem um jeito: acreditar, acreditar e acreditar. E fazer. Quem está começando agora, está em um outro caminho, na nova mídia, na internet. É bem diferente. Tem outros modelos de divulgação. De qualquer sorte, é como antigamente, a gente tem que persistir.
 
Como foi sua apresentação na 28ª Festa do Pequi?
Além de nosso cancioneiro, trouxe novas canções como a “Do Jequitinhonha ao Tenesse”, que é uma nova forma de falar do Jequitinhonha. Foi a última música que compus com Georgino Júnior, que foi uma perda lastimável para mim pessoalmente e para Montes Claros. Um irmão querido, poeta amigo querido que caminhamos juntos e escrevemos canções maravilhosas.
 
E o que achou de ter feito novela? Participaria de outras?
Fazer novela, aquelas participações, eu vou lá de vez em quando e faço. Olha, não tenho muita vontade de fazer mais não. De verdade. Quanto mais faço, menos quero fazer. (risos). Meu projeto agora é cuidar dessa música minha e da nossa fábrica artesanal de produtos veganos. Ir lá, fazer um papel e tal, se chamar, eu até vou, mas não tenho mais aquela fissura de quando eu era menino novo (risos).
 
Feliz com as oportunidades conquistadas durante todos esses anos?
Agradeço todos os dias a Deus por ter me colocado onde estou. Mereço exatamente o que tenho. Não sou daquelas pessoas que ficam “ah, eu podia...” Não. Todas as minhas coisas são resultados das minhas conquistas pessoais. Agradeço muito a Deus por ter me dado dois companheiros de vida, meu pai e minha mãe, que foram sensacionais, dedicados, minha família, irmãos, sobrinhos netos. Uma alegria!

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