Ditarso companhia de dança estréia remontagem: O diretor e coreógrafo da companhia, Paulo di Tarso, revela o que acontece nos bastidores do espetáculo

Jornal O Norte
Publicado em 02/06/2011 às 09:39.Atualizado em 15/11/2021 às 17:28.

PRISCILA FERREIRA


Estagiária



Neste fim de semana a Ditarso Companhia de Dança apresentará um programa duplo. No palco serão encenadas a remontagem Cantos De Lá e a peça Gyneco. Os espetáculos acontecerão no Centro Cultural Hermes de Paula, nos dias 03, 04 e 05, sempre às 20 horas. Os ingressos estão sendo vendidos no espaço Zambra e no centro cultural Hermes de Paula no horário das apresentações.



O Norte acompanhou um ensaio e conversou com o coreógrafo e diretor da companhia Paulo di Tarso, que falou sobre sua equipe de trabalho e principais dificuldades em produzir cultura na cidade.



Paulo conta que a companhia é o resultado de um projeto.



- Em 2001 apresentamos um espetáculo infantil que foi sucesso de público, a partir daí criamos uma empresa de arte. O interessante de trabalhar como empresa é que valorizamos nosso trabalho e nosso cliente, porque temos responsabilidade real com as pessoas que vão aos nossos espetáculos. Prezamos pela qualidade, para que as pessoas comprem nosso produto – explica.



O diretor também fala do trabalho árduo para apresentar o espetáculo. Segundo ele, a equipe trabalha em média seis horas por dia.



– Além dos ensaios, cada bailarino tem sua função na parte burocrática, nós mesmos fazemos nossa assessoria de comunicação, administração financeira, produção artística, enfim, nossa companhia é formada por nove bailarinos e três técnicos.



Todos os bailarinos da companhia são montes-clarenses, Paulo diz que o grupo aperfeiçoa suas técnicas continuamente, os dançarinos fazem cursos de especialização fora da cidade e a própria apresentação dos espetáculos é mais um desafio.



– Nossa próxima apresentação é dupla, e nossas duas peças apresentadas juntas são de estéticas muito diferentes embora complementares. Cantos de Lá é mais romântica, delicada, trabalha com o estudo estético do balé clássico. Mas nós não somos uma companhia de balé, trabalhamos com dança-teatro. Gyneco, por exemplo, é muito diferente da primeira peça, e, no entanto a complementa. Em Gynêco, existe um contato com o homem ancestral, é a linguagem da dança contemporânea. Ver uma peça é semelhante a ver a outra ao avesso, os bailarinos que apresentam as duas são os mesmos, imagine como para eles isso pode ser difícil – provoca.



ORGANIZAÇÃO



Todo este trabalho é recompensado. O coreógrafo nos conta que o público do grupo é fiel e que agora o trabalho de divulgação feito também por redes sociais pretende aumentar o número de pessoas que assiste aos espetáculos.



– Nosso público principal são estudantes e universitários, nosso trabalho comunica muito com o público jovem. Em termos de dança é uma experiência nova em Montes Claros, por isso queremos que mais pessoas, além destas, conheçam a Ditarso. Esta vivência artístico-cultural é importantíssima, e é bom lembrar, não é entretenimento, é experiência artística – afirma.



Paulo fala sobre a motivação dos artistas que supera as grandes dificuldades em produzir e fala também da falta de infra-estrutura e de apoio na cidade.



– A maior dificuldade que nós temos é não ter um teatro. O centro cultural tem um auditório, não um teatro. Isto é muito diferente, porque no auditório não dispomos de toda técnica que precisamos. Além disso, o centro cultural não tem critério de qualidade para a escolha das apresentações, isso faz com que o público não crie vinculo afetivo com o local. As pessoas que vão ao centro cultural de Montes Claros não têm certeza da qualidade do espetáculo que estão indo assistir, isso é ruim porque descredibiliza o espaço. Ninguém quer gastar tempo, dinheiro, e ter expectativas frustradas.



Paulo ainda lembra a necessidade de políticas públicas claras e eficientes para o fomento à cultura.



- A secretária de Cultura não é pai nem mãe dos artistas. Ela preza pela ótica do público além da nossa e nós entendemos isso. Ainda assim a verba para cultura aqui é muito pequena – afirma.



Estas palavras, vindas de quem já foi contemplado pelo Prêmio BNB Cultura, por quatro vezes, e pelo Prêmio Cena Minas, confirmam a importância e a necessidade de uma melhor promoção e gestão cultural na cidade.

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