Pablo Caires


Repórter

A prefeitura de Montes Claros, através da secretaria do meio ambiente, notificou cerca de seis bares da cidade que, desde a última quarta-feira, 10, não podem mais utilizar música ao vivo. A abordagem motivou a reunião dos músicos e proprietários dos bares, na tarde de ontem, 11, a fim de se organizarem contra a proibição.

Pablo Caires





Músicos se reúnem para esclarecer e sugerir medidas de


preservação da música ao vivo nos bares da cidade

A medida da prefeitura tende a ser extensiva a todos os estabelecimentos da cidade que não adequarem o som ao nível de decibéis permitidos pela secretaria de meio ambiente. Os proprietários dos bares notificados alegam que, desde a última medição, em janeiro deste ano, as medidas exigidas foram acatadas e que, mesmo assim, foram surpreendidos com a nova decisão.

Para Cristiano Coimbra, proprietário de um restaurante intimado, os decibéis permitidos pela secretaria não possibilitam nem a utilização de som mecânico no interior do estabelecimento.

- Fizemos um investimento pensado na qualidade do som e adequado às normas da secretaria. A sugestão que recebemos foi da utilização de um aparelho de DVD, o que, mesmo assim, não permite a sonorização do ambiente - explica.

A agenda de shows na casa está suspensa, o que, ainda de acordo com o empresário, afeta diretamente no funcionamento da casa.

- Montes Claros é uma cidade artística e contamos com excelentes músicos. Isso atrai a população. Sem a participação deles, nosso rendimento cai em até 50% - ressalta Cristiano Coimbra.

Os donos dos bares notificados já estão recorrendo judicialmente à ação. Foi o que informou o produtor cultural Sérgio Gomes. Entre as discussões, estava a participação dos músicos no movimento que, diretamente, são afetados com a resolução. Para a cantora Bete Antunes, as consequências afetam a vida artística da cidade.

- A realização de shows é o que garante a sobrevivência dos artistas. Caso esta decisão prossiga, terei que ir embora de Montes Claros - afirma Bete, que, semanalmente, realiza cerca de dois shows.

Entre as sugestões expostas para a resolução do caso, está a contratação de técnicos particulares para realização de nova medição dos decibéis, o que contestaria os dados captados pela própria secretária, uma vez que não seria realizado com o movimento de veículos.

De acordo com o proprietário de um bar na Avenida Deputado Esteves Rodrigues, Tancredo Júnior, já foi pedido à secretaria uma nova análise. Desta vez com a rua fechada, o que diminui o número do barulho ocasionado pelo tráfego dos carros. O pedido teria sido aceito pela secretaria, mas não aconteceu.

A notificação causou a revolta em muitos profissionais da música, principalmente no que diz respeito à falta de fiscalização da secretaria em eventos promovidos pela própria prefeitura. O tradicional Carnamontes foi citado, pois, embora tenha mudado de horário, não diminuiu o nível de ruído emitido durante a festa.

Em resposta aos proprietários de bares e contido na notificação enviada aos estabelecimentos, a secretaria diz que “estão esgotados todos os tipos de negociações”.

O secretário de meio ambiente, Aramis Mameluque, esteve no local e informou que os músicos podem continuar a se apresentar nos bares e restaurantes da cidade. Ele chamou atenção para o termo “proibido música ao vivo” discutido na reunião e defendeu o respeito ao direito de todos os cidadãos.

Uma comissão foi criada, entre os músicos e donos de bares, a fim de manter um diálogo aberto com as secretarias de cultura e meio ambiente da cidade. O produtor cultural Sérgio Gomes e a comissão produzirão uma cartilha com a finalidade de informar os empresários e profissionais da música sobre a utilização do som em bares e restaurantes da cidade.