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Sexta-Feira,29 de Novembro

De volta onde tudo começou

Cantora montes-clarense radicada em São Paulo, Fatel solta a voz na Festa do Pequi

Adriana Queiroz
02/02/2019 às 08:20.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:22

(MANOEL FREITAS)

Radicada em São Paulo, a cantora montes-clarense Fatel é uma das atrações da 28ª Festa Nacional do Pequi, que começou na sexta-feira, 1, e prossegue até domingo, 3, na Praça da Matriz.

“Fico imensamente feliz em participar. Primeiro por ser um evento que valoriza a Cultura Popular Regional na sua totalidade. A rica gastronomia que o pequi (delicioso) proporciona e participação dos artistas em geral”, diz Fatel, de 61 anos, sendo 31 deles dedicado à carreira musical.

Em Montes Claros, cantou com o povo da sua terra, diz que quer reencontrar amigos e revisitar a sua história. Confira a seguir:

“Fico imensamente feliz em participar da Festa do Pequi, em Montes Claros. Primeiro por ser um evento que valoriza a cultura regional e, segundo, pela rica gastronomia que o pequi, delicioso, proporciona”

Lá se vão 31 anos de carreira. Qual avaliação você faz?
Na minha avaliação tem sido mais pontos positivos. Consegui me situar em São Paulo, onde a concorrência é grande e capitalista. Canto e gravo só o que gosto. Gravo só quando tenho vontade, até porque gravar hoje em dia não está muito na moda. Tenho também o privilégio de trabalhar com artistas do meu segmento e outros profissionais, o que possibilita meu crescimento pessoal e profissional.
 
Como é a experiência de morar há tantos anos na cidade de São Paulo? O que ela trouxe de bom para a sua vida?
Considero São Paulo uma verdadeira mãe para o Brasil e todo o planeta. Meus dias são divididos entre as produções no centro, rádio na Avenida Paulista e minha moradia em Parelheiros, um polo de ecoturismo, no extremo Sul. Gente de todo o mundo por todo lado. No centro, brasileiros dos mil cantos do país e estrangeiros de todo o planeta e até de outras galáxias. Acho! Meu bairro foi colonizado por alemães, japoneses e índios. Aldeias Tenondé Porã, Krukutu e outras que nem sei os nomes, embora a maioria da população seja de brasileiros, especialmente nordestinos, claro. Essa convivência com tantos povos têm sido fundamental para meu amadurecimento, espiritual e de entendimento desse doido, mas lindo planeta terra. Enfim, São Paulo é uma mãe, de seios fartos, que amamenta o universo. Eu mamo nessas tetas há 30 anos.
 
Conte-nos dos seus últimos trabalhos? E para este ano de 2019, quais são os desafios?
Quanto aos trabalhos atuais, tenho feito mais shows por São Paulo e produções artísticas. Adoro dar “pitaco” no trabalho dos outros. Alguns artistas gostam muito das minhas orientações. Fico feliz. Projeto para 2019 é lançar uma coletânea com meus vinis “A Casa de Fatel” e o que mais vir.
 
Quais as suas influências musicais no passado e no presente?
Tudo que aconteceu na música de 50 anos para cá. Desde criança ouvindo muita música em casa e no bar da minha mãe, no Mercado Municipal de Montes Claros. Não faltava Luiz Gonzaga, Marinês e sua Gente, Trio Nordestino. Já adolescente, Jovem Guarda. Martinha, Wanderleia e, claro, Roberto Carlos. Participei do Grêmio Estudantil no Colégio São José. em1974, com Zé Pereira, meu amigão até hoje. Ele foi o primeiro violonista a me acompanhar em palco. Época do tropicalismo. Eu lá, cantando Gal Costa, Luiz Melodia, Caetano, Djavan, iniciando a carreira. Partimos depois para os festivais, somando então à minha maior escola musical as bandas de bailes: Lê Cherri e MC5. Aí pude ouvir tudo. De Ray Conniff a Beatles, passando por Vanusa, Clara Nunes e Madonna (em inicio de carreira), Rita Lee e todas as grandes cantoras e bandas de Música Popular Brasileira, incluindo naturalmente meus ídolos regionais. Pessoas com quem tive orgulho de dividir o palco em Montes Claros. Exemplo, meu padrinho artístico Téo Azevedo, os integrantes dos grupos Agreste e Raízes e todos os músicos e compositores com os quais tive a honra de trabalhar ou conviver. Minha influência vem do melhor da MPB. Amém!
 
Quantos CDs lançados?
Ao todo são três discos de vinil (1987- 1991- 1994) e três CDS (2000- 2008 E 2012). Os músicos foram muitos. No Primeiro LP gravaram comigo músicos do Conjunto MC5, Wellington Tibo, Márcio Durães, Adilson Nestê, Marcos Baiano e Bernard Algadux. A partir do segundo, foram com músicos de São Paulo que gravam comigo até hoje. São excelentes instrumentistas, em maioria nordestinos. A família Trajano, Tiziu do Araripe, Dió Araújo, Maestro Adeildo Lopes, Carlos Nabar, entre os outros. Sem falar dos sanfoneiros que tive o orgulho de gravar como, por exemplo, os mestres Dominguinhos e Cézar do Acordeom (Já falecidos, infelizmente). Gravei também com outros mestres, o Oswaldinho do Acordeom, Olivinho, Ciriaco, Antônio Lira.
Em 2012 participei, juntamente com Luiz Wilson, meu parceiro, de trabalho e de vida, do CD 100 Anos de Gonzagão, produzido por Téo Azevedo, vencedor do Grammy Latino - Melhor CD De Música Raiz Brasileiro. Foi motivo de muito orgulho, é claro. Pelo reconhecimento e importância do trabalho de Téo Azevedo.
 
Como você analisa o cenário do Forró nas últimas décadas?
É lindo e tem revelado um grande número de músicos e compositores de muito talento, assim como tem “construído” “artistas” por meio da mídia paga. Pessoalmente, nada contra. E, nos últimos anos, tenho curtido muito as sanfoneiras, que estão em toda a parte do país. Acho maravilhoso! Instrumento antes dominado na grande maioria por homens. Agora, o espaço está sendo disputado (quase) de igual por igual com a mulherada.

“A cidade de São Paulo é uma mãe, de seios fartos, que amamenta o Brasil e pessoas de todo o planeta. Eu mamo nessas tetas há 30 anos”
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