Jerúsia Arruda
Repórter
jerusia@onorte.net
Montes Claros é mesmo uma cidade de muitas faces. Principalmente quando o assunto é música. Na noite do último sábado, 14, o som dos anos 80 movimentou o alto da Serra da Sapucaia, onde uma banda mais que contemporânea acompanhou 10 intérpretes que, se não incorporaram o espírito da época, ainda estavam com o pé nela, dada a fidelidade do estilo musical, contido e performance exagerada típicos daquela fase musical, que se instaurou no palco, revelando o quanto o músico montes-clarense pode e sabe ser versátil.
Idealizador do projeto, o cantor e compositor
Leo Lopes encerrou o show da noite (foto: Wilson Medeiros)
(*) Veja mais fotos do evento acessando www.bemnanet.com.br
Durante cerca de três horas, a noite fria foi envolvida pelos acordes do som eletrônico dos sintetizadores que marcaram a produção musical da época, e músicas de grupos como Magazine, Blitz, Ira, Kid Abelha, Os Paralamas do Sucesso, Legião Urbana, além dos inomináveis, Lulu Santos, Cazuza, Rita Lee e Guilherme Arantes, foram relembradas pelos intérpretes Sholmes Souto, com back vocals de Bete Antunes e Camila Antunes; Carlos Soyer, André Águia, Fabiano Ribeiro, Ed Fabian, Lindomar Coimbra, Wendy e Leo Lopes.
Idealizado pelo cantor e compositor Leo Lopes, o show aconteceu na área externa do Sapucaia Grill, onde também foram montados telões que exibiam imagens marcante da época, cenas de filme e clips musicais. O show também foi transmitido em tempo real nas telas e, segundo os produtores do evento, a gravação pode se tornar um DVD.
O grande destaque da noite foi, sem dúvida, a banda de apoio, formada pelos músicos Marco Neves (bateria); Kleber Leoni (Baixo); Cláudio e Warley Mascarenhas (guitarras); Saulo Leoni (teclados) e Cid (percussão), cujo entrosamento e profissionalismo contribuíram para que o show fosse impecável, segurando a onda, inclusive, de alguns intérpretes, que subiram ao palco em completo estado de embriaguez, e outros que se destoavam da banda em sua performance, pelo cigarro aceso em uma mão, enquanto, com a outra, seguravam o microfone, hábito pouco usual nos palcos para a nova geração de músicos. Bem anos 80, diga-se de passagem.
Talvez a despeito do frio, o público esperado pelos produtores não compareceu, mas isso não impediu que os músicos se entusiasmassem com a festa, e canções como Cheia de Charme, de Guilherme Arantes, interpretada pelo cantor Léo Lopes e Você não soube me amar, da Blitz, entoada por Sholmes Souto, agitaram o público, que cantou e dançou sem parar.
Fiel ao repertório proposto, o show foi um momento saudosista, sem, entretanto, ser repetitivo, como normalmente acabam sendo os tributos dessa natureza. O público, formado basicamente pela geração dos anos 80, sabia de cor todas as músicas e fez coro do começo ao fim para os cantores, que se revezaram no palco.
A festa merece uma segunda edição, talvez em tributo à música de uma outra década, como a Tropicália de Caetano, Gil, Gal, Bethânia, e os bossa-novistas, como João Gilberto, que marcaram os anos 60; a arte preguiçosa, exagerada e virtuosa dos anos 70, de Luis Melodia, Raul Seixas, Secos e Molhados, Arnaldo Batista e Novos Baianos, só pra citar alguns nomes, ou ainda, a turma da nova música pop-rock brasileira, dos anos 90 para cá, como O Rappa, Zeca Baleiro, Cidade Negra, Marisa Monte, entre tantos outros.