Curtas e filmes da mostra Felco são a atração do final de semana

Jornal O Norte
Publicado em 30/07/2010 às 11:35.Atualizado em 15/11/2021 às 06:34.

No sábado, 31, o Cinema Comentado Cineclube e o CineSesc apresentam uma sessão dupla em parceria com o Cineclube Curta Circuito. Serão exibidos os curtas do programa Samba em Luz e Sombra e o longa-metragem Jô de Casa!



Samba em Luz e Sombra traz filmes que retratam as biografias dos músicos Nélson Cavaquinho e Guilherme de Brito, responsáveis por uma das mais notáveis parcerias da MPB. Repleta de poesia e amargor, a dupla trabalhava muito bem a beleza dos versos apoiada pela voz desagradável de Nélson.



No domingo o CineSesc e o Cinema Comentado Cineclube iniciam a mostra Felco – Festival latino americano da classe obrera de cinema e vídeo. O Felco acontece em Montes Claros todos os sábados e domingos, com o objetivo de apresentar a produção cinematográfica brasileira e latino-americana engajada política e socialmente. Sem restrições formais, a temática dos filmes aborda questões como as lutas e movimentos sociais e a realidade da classe trabalhadora da América Latina e dos mais oprimidos e marginalizados – sejam eles índios, negros, mulheres, homossexuais, desempregados, estudantes etc.



Fundado em 2004 pelo grupo Ojo Obrero, formado por estudantes e militantes do Partido Obrero, o Felco tornou-se uma rede espalhada por vários países ao longo do continente latino-americano. E a primeira sessão, nesse domingo, exibe Memórias do Subdesenvolvimento (1968), dirigido por Tomás Gutiérrez Alea. Retrato lúcido e poético de Cuba no começo dos anos 1960, o filme é considerado um clássico do cinema latino-americano. Alea oferece um olhar ao mesmo tempo carinhoso e crítico sobre os rumos da revolução de Fidel Castro, narrado pelos olhos de Sérgio, um homem que, aos 38 anos, se vê subitamente sozinho em Havana, depois que sua mulher e seus pais resolvem migrar para os Estados Unidos. A apatia e inação do protagonista o condenam à solidão.



O diretor Alea ficou conhecido internacionalmente no final da carreira com o sucesso de Guantanamero e Morango e Chocolate, mas Memórias do Subdesenvolvimento é seu filme mais famoso. O destaque é mesmo a curiosa mistura de ficção com cenas documentais: mesas redondas, passeatas, uma visita ao Instituto de cinema cubano. O ritmo da história é valorizado por flashbacks e cenas de imaginação – mudando sempre o estilo visual e narrativo. Muito hábil na encenação, Memórias do Subdesenvolvimento dá uma visão ambígua de seu anti-herói, que hoje pode ser até vista como crítica da revolução que se iniciava.

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