Curta-metragem é sucesso de público em Moc

Jornal O Norte
Publicado em 14/04/2010 às 09:31.Atualizado em 15/11/2021 às 06:26.

Michelle Tondineli


Repórter



Curta-metragem, ou simplesmente curta, é um filme de duração inferior a trinta minutos. Há, no entanto, quem estabeleça um padrão variável de mais ou menos dez minutos. O gênero que mais utilizou o formato foi a animação. Ainda hoje, há muitos filmes com ação ao vivo (live-action) e de animação produzidos como curta-metragem, inclusive com um óscar para cada tipo.



Formato bastante difundido e em expansão no Brasil desde os anos 70, o curta-metragem é também adotado em documentários, filmes de estudantes e de pesquisa experimental.



Montes Claros tem evoluído com relação à produção de filmes. Um exemplo disso é o curta montes-clarense Morre Filho da Puta, produzido por Iesus Filho, já apresentado no cinema comentado. O filme atraiu grande público ao Sesc.



DIVULGAÇÃO


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Iesus, Duran e Murilo nos bastidores da gravação



De acordo com Iesus, a ideia do curta surgiu no início de 2009, a partir de uma cena isolada que imaginou.



- Fui ramificando em mais coisas, que culminaram com a ideia do filme completa, tendo como fonte de inspiração direta os filmes trash que marcaram minha vida. O filme tem meia hora, mas demorou aproximadamente dez meses para ser finalizado, desde a pré-produção até a primeira exibição oficial - diz.  



Iesus conta que as maiores inspirações foram os filmes oitentistas.



- Nada elaborado demais, aqueles que eu e a grande maioria das pessoas acompanhamos até mesmo no cinema em casa. Filmes diretos, despretensiosos e extremamente divertidos. A única coisa que fiz foi acrescentar ao processo a ideologia do videomaker brasileiro Pette Baiestorf. Quisemos revelar o mínimo possível de cada personagem e da própria história, permitindo a mínima compreensão ao espectador, para que este, por si só, fizesse as conjecturas que bem entendesse, para que eu não perdesse tempo demais em justificativas e me focasse na ação - razão fundamental para este tipo de filme surgir. Me permiti, desta vez, não trabalhar com nenhum ator, pelo menos não um ator com qualquer conhecimento ou formação acadêmica. Os personagens exigiam coisas que me fizeram optar por abster-me de preencher a vaga com pessoal dramaticamente qualificado e colocar em prática um plano paternalista: amigos de longa data foram chamados para a produção - afirma.



Inspirado por George Miller (Mad Max, Bruxas de Eastwick), Jörg Buttgereit (Nekromantik, Der Todesking), Stanley Kubrick (A morte passou perto, O iluminado), Danny Boyle (Extermínio, Cova Rasa), David Cronenberg (Vodeodrome – a síndrome do vídeo, Scanners), Chan-wook Park (Oldboy, Sympathy for Mr. Vengeance), Paul Verhoeven (Vingador do futuro, Conquista Sangrenta), Pedro Almodóvar (Maus hábitos, Matador), Anselmo Duarte (O pagador de promessas, Absolutamente certo), Sérgio Bianchi (cronicamente inviável, quanto vale ou é por quilo), o produtor procurou se incorporar na cultura pop da geração.



- Especificamente em relação à área audiovisual, está acontecendo, às vezes menos, outras vezes mais, uma transformação. Tem gente demais com potencial para produzir obras incríveis, o problema é chegar ao ponto de realizar, mas todo ano há coisas excelentes surgindo, o que falta é a galera se encontrar, procurar interesses comuns entre os meios sociais e tentar uma espécie de união em prol de um desenvolvimento cultural em relação à produção e distribuição. Falta comunicação entre os envolvidos. E isto dificulta a visualização e divulgação das obras na própria cidade - finaliza.



Para produzir Morre Filho da Puta, foi necessário que o diretor Iesus Filho realizasse uma parceria com Duran, seu sócio na iD Produções, que produz, distribui e auxilia produções regionais.



Iesus explica que o trabalho consiste basicamente, após a concepção da ideia, na seguinte sequencia gradativa:



* Pré-produção: cronograma, definição de atores e locações, meta de viabilidade financeira e outros;



* Produção: a gravação propriamente dita;



* Pós-produção: edição, finalização e lançamento.



- Seguimos este procedimento no filme, que, mesmo tendo como consequência o tempo gasto de dez meses, é como gosto de trabalhar e sinto-me seguro para atingir a meta idealizada - afirma.



Para o diretor, como o filme tinha o intuito de ser popular, nada mais justo que fosse gravado no centro da cidade.



- Nas ruas e prédios que todo mundo conhece fica mais fácil a identificação local; mas usei a rua da minha casa, no Sagrada Família, e ainda uma avenida do Major Prates. Mas, para estas tomadas externas, foi necessário gravarmos entre 5h30 e 9h30 da manhã de domingo, devido ao movimento moderado dos moradores e fluxo menor de pessoas, permitindo um controle da situação - conta.



Como em todo trabalho, Iesus diz que é preciso ir à luta.



- Não é nada para ficar amargurado e culpando terceiros pela inércia que às vezes é do próprio idealizador. Hoje tudo ficou mais acessível. Não digo apenas em relação ao mundo digital, mas as pessoas estão mais informadas, mais capazes, autodidatas, conseguem ler manuais, aprender a utilizar programas de edição. Então, como a maior parte daquilo que se observa, é difícil, mas é viável. Até mesmo pela total independência da produção, como foi este caso, onde não pedimos nenhum patrocínio e trabalhamos com recurso zero através da sustentabilidade – diz.



O produtor já tinha uma experiência prévia ao se lançar no projeto do filme.



- Desde vídeos rápidos para a internet até o programa diário da TV fechada local Em Bom Português, há um ano. E lancei oficialmente o primeiro trabalho para o grande público em 2008, um curta-metragem chamado Daniela. Estou com planos de projetos menores para este ano ainda, porque o ramo audiovisual vicia cada vez mais: é um prazer duradouro e que aumenta gradativamente. Além de um videoclipe que pretendemos gravar até o fim deste semestre, ainda existe a possibilidade de um vídeo também para julho e, quem sabe, o início da produção de outro projeto, do porte do Morre Filho da Puta, ainda para o final deste ano, que envolva outra temática. Algo mais pessoal e humano – revela o produtor.



Segundo Iesus, está fora de cogitação no momento qualquer aventura financeira nesta área. Pois um curta, mesmo com o tempo de 10 a 20 minutos, pode demorar quase um ano para ficar pronto.



- Mas, bem, isto não é motivo impeditivo para nada, desistir usando este argumento nada mais é que ato falacioso e procrastinador do sujeito -finaliza.



A iD produções realizará um curso no final de abril chamado Tutorial em Vídeo: Realização audiovisual. Será cobrada taxa simbólica para os gastos do material. O curso contará com 20h/aulas, divididas em dois sábados. Outras informações iesusfilho@gmail.com ou durann@gmail.com.

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