Depois de décadas embalando sonhos de mulheres e homens de todas as idades, o Clube da Esquina ganha novo fôlego com o projeto itinerante Museu Vivo. Montes Claros é a primeira cidade a receber os meninos do Clube. O encontro, pautado por palestras, leitura de poemas e show ao vivo, acontece na próxima quinta-feira, dia 26 de abril
Jerúsia Arruda
Repórter
jerusia@onorte.net
Imagine uma roda de conversa formada por Milton Nascimento, Wagner Tiso, Toninho Horta, Beto Guedes, os irmãos Borges – doze ao todo. Coloque essa roda em um cenário histórico, em plena década de 1960, onde a ambiência musical e a ditadura compartilham o mesmo espaço, provocando uma ebulição nas idéias, ideais e sonhos, e, é claro, o inevitável surgimento de movimentos contestadores - como a Tropicália.
Esses encontros acabaram por criar um grupo - conhecido como Clube da Esquina.- que produzia um som que renovou a música brasileira e é uma referência para artistas da nova geração
Com linguagem e estética singulares, o Clube da Esquina reunia amizade, música, política, poesia, e desejo de liberdade inspirada pelos vales e montanhas mineiros.
As primeiras composições de Milton Nascimento, ícone do grupo, vieram em 1964 com letras de Márcio Borges, e o primeiro CD em 1972. Desde então, os meninos de Santa Tereza ganharam asas, viraram pássaro e voaram alto, muito além das montanhas de Minas, ganhando o mundo.
Como sói acontecer, o tempo trouxe novos adeptos do violão, das harmonias bem elaboradas e da música que toca fundo o coração. Entre eles, Murilo Antunes, Fernando Brant, Ronaldo Bastos, Naná Vasconcelos, Novelli, Joyce, Robertinho Silva, Fredera, Luiz Alves e tantos outros.
Lô Borges apresenta as músicas do CD Bhanda, acompanhado pelos músicos Giuliano Fernandes Barral, Renato Valente e Robinson Matos (foto: divulgação)
Depois de décadas sem nunca sair das paradas de sucesso, por iniciativa do músico e escritor Marcio Borges, o Clube da Esquina ganhou um projeto de revitalização – o Museu Vivo – promovido pelo Museu Clube da Esquina, para divulgar e preservar a produção artística dos meninos que saíram do edifício Levy e se tornaram homens, que também se chamavam sonhos, gigantes da música do mundo e de Minas Gerais.
O projeto propõe a realização de palestras e apresentações musicais dos artistas que integram o movimento por diversas cidades brasileiras. Montes Claros será a primeira cidade do circuito e recebe na próxima quinta-feira, 26 de abril, os músicos Márcio Borges, Murilo Antunes e Lô Borges.
Durante o encontro, Márcio Borges conversa com o público sobre a história do Clube e apresenta um vídeo elaborado a partir do acervo do Museu. Murilo Antunes lê poemas de sua autoria e Lô Borges apresenta as músicas inéditas de seu último álbum, Bhanda - felicidade, em sânscrito.
O disco, que tem 10 faixas, traz parcerias com o irmão Márcio Borges, com o músico, poeta e principal letrista do Skank, Chico Amaral, e com o vocalista e letrista da banda Radar Tantã, César Maurício.
No show, Lô Borges é acompanhado pelos músicos Giuliano Fernandes (guitarra), Barral (teclados), Renato Valente (baixo) e Robinson Matos (bateria).
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Museu Vivo
Dia 26 de abril,
quinta feira, às 19h
Praça da Matriz
Entrada Franca