Cinema: Um mundo à parte

Jornal O Norte
13/01/2007 às 14:16.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:55

Com ampla participação do público, o I Festival de Cinema de Montes Claros abre com sucesso mais um evento da agenda cultural de Montes Claros. A programação que começou no dia 10 de janeiro termina neste domingo




 


Jerúsia Arruda


Repórter


jerusia@onorte.net

A população de Montes Claros Montes tem deixado a Praça da Matriz fervilhando desde o dia 10 de janeiro, com a realização do I Festival de Cinema de Montes Claros. Na abertura, que aconteceu na noite da última quarta-feira, o auditório Cândido Canela do Centro Cultural Hermes de Paula ficou pequeno para receber os amantes da sétima arte que compareceram para reverenciar os homenageados do Festival.

 




Jornalista Elpídio Rocha, Rita Bichara e João Rodrigues (Foto:Wilson Medeiros)







Tendo como mestre de cerimônia a jornalista Márcia Braga, a solenidade transcorreu em clima de emoção e reencontro e saudade. O jornalista Elpídio Rocha falou sobre o conceito do Festival, que, segundo ele, tem como foco a democratização do acesso ao cinema que não faz parte do circuito comercial; a valorização da produção cinematográfica brasileira através do contato e diálogo com o público e a utilização do cinema como instrumento a serviço da educação.





Em seguida, a superintendente da Fundação Cultural Genival Tourinho, Rita Bichara falou sobre o papel da Fundação e a importância de sua participação em projetos culturais como o Festival.





A abertura oficial foi feita pelo secretário municipal de Cultura, o artista plástico João Rodrigues, que agradeceu o apoio da administração municipal, da imprensa e de toda a comunidade à promoção, e falou do desafio e dificuldades em realizar um festival desse nível.





Logo depois o prefeito Athos Avelino Pereira agradeceu e pediu desculpas a todos pelo vexame por causa da falta de espaço do auditório, reiterando a promessa de João Rodrigues em construir ainda este ano um teatro “digno da arte e dos artistas de Montes Claros”. O prefeito falou sobre a possibilidade de estruturar o auditório da escola estadual Deputado Plínio Ribeiro – Escola Normal – para a realização de eventos culturais e salientou, ainda, que “a cidade tem tradição em tudo, inclusive no cinema”-citando como exemplos Godofredo Guedes, Yuri Poppof e Beto Guedes, na música, e Yara Tupinambá e Konstantin Christoff, nas artes plásticas -, e que é “fundamental que se invista em estrutura para abrigar essas tradições”.





Emocionado, o presidente da Associação Mineira de Cineastas, o produtor, cineasta e professor Geraldo Veloso apresentou os homenageados do festival e relembrou as experiências vividas em parceria com cada um deles em diferentes épocas: Maurício Gomes Leite, que “foi um dos cineastas mais importantes para a promoção do Cinema Novo no exterior”; Carlos Alberto Prates Correia, que disse “sempre ter sido o mais talentoso de todos, além do humor impagável e grande capacidade musical”; “o genial” Alberto Graça; “uma das mais bem sucedidas e competentes produtoras do cinema contemporâneo”, Vânia Catani; “o pioneirismo e a criatividade” de Edes Barbosa, e aquele a quem chamou de “privilegiado por ter tido contato mais próximo com a máquina”, o historiador, projecionista e colecionador Benjamim Ribeiro Sobrinho.





O produtor, ator e cineasta Paulo Henrique Veloso Souto falou do seu documentário Aníbal, um Carroceiro e seus Marujos, e de como este está impregnado da cultura montes-clarense. Emocionado, rendeu homenagem ao mestre Zanza, e disse que “sem cultura o homem não é ninguém e que sem educação e amor no coração nada funciona”.





Mestre Zanza e o jornalista Fernando Rodrigues entregaram aos homenageados o troféu criado pelo artista plástico Walmir Alexandro.





No encerramento da solenidade, foi exibido o filme de Paulo Henrique, através de um projetor monitorado por Edes Barbosa, que disse ser este “do tempo da carochinha”.





Após a solenidade de abertura, um coquetel marcou a inauguração da exposição Aspectos da História do Cinema em Montes Claros, com acervo de Benjamim Ribeiro e curadoria de Fábio Borges, na Galeria Godofredo Guedes, no Centro Cultural.

CINEMA, EDUCAÇÃO E MÚSICA





Na quinta-feira foi dada a abertura do I Fórum Educação e Cinema, com palestras de José Carlos Avelar, que falou sobre a Evolução estética e histórica do cinema e Geraldo Veloso, que falou a Evolução estética e histórica do cinema brasileiro. À noite foram exibidos os filmes Amarelo Manga (drama, 2002), do diretor Cláudio Assis; Coisa mais linda (documentário, 2005), de Paulo Thiago; O fim e o princípio (documentário, 2005), de Eduardo Coutinho; e Rio e Jano (documentário, 2004), com direção de Anna Azevedo, Renata Baldi e Eduardo Souza Lima. As duas tendas ficaram lotadas. O show do Quarteto de Cordas encerrou a programação de quinta-feira.





Na sexta-feira, o professor Elpídio Rocha falou sobre Cinema e Educação, abordando as perspectivas didáticas e abordagem prática, na programação do Fórum.





À noite foram exibidos os filmes Nascente (drama, 2005), do diretor Helvécio Marins Jr; Aboio (documentário, 2005), de Marília Rocha; Crime Delicado (drama, 200), de Beto Brant; O Dia da Caça (policial, 1999), do diretor Alberto Graça e a mostra Cavalo do Cão (Bahia), todos muitos concorridos pelo público.





Neste fim de semana acontecem as oficinas de Direção, com Vinícius Cabral Ribeiro (BH); Documentário, com Sylvio Back (RJ); Produção em Vídeo Digital, com Daniel e Diego Lisboa (Ba) e Roteiro, com Andréa Martins (DF). A partir das 19 horas tem exibição de filmes nas duas tendas montadas na Praça da Matriz. No sábado tem show com a cantora Débora Rosa, a partir das 23h30 e, no domingo, com o grupo Vozes de Lá e com cantor Tavinho Moura, a partir das 22h.





O I Festival de Cinema de Montes Claros termina neste domingo. Toda programação acontece na Praça da Matriz e Centro Cultural e a participação é gratuita.

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