Márcia Braga
Colaboração para O Norte
O Cinema Comentado, uma iniciativa da secretaria municipal de Cultura, exibe neste sábado, 04, Saraband, o último filme do cineasta sueco Ingmar Bergman. O Cinema Comentado acontece na sala Geraldo Freire, ao lado da câmara municipal, a partir das 19h, e a entrada é gratuita.
Logo após a sessão, tem bate-papo com a platéia, coordenado pelo jornalista Elpídio Rocha. O anúncio da morte de Ingmar Bergman, na madruga de segunda-feira (30/7), deixou cinéfilos e críticos pensativos: a sensação maior é de fim de uma época, de um ciclo em que o fazer Cinema incorporava, fundamentalmente, a idéia do filme como manifestação artística e representação do pensamento de um cineasta. E esse sentimento foi, infelizmente, reforçado pela notícia posterior do falecimento de Michelangelo Antonioni.
Num momento em que os filmes-evento se fortalecem como instrumentos hegemônicos do entretenimento mais imediato e instantâneo, o Cinema que privilegia o diálogo, a elaboração conceitual e o ritmo reflexivo parece cada vez mais raro diante do encantamento desses diretores.
Entre as diversas considerações sobre Bergman, o produtor Luiz Carlos Barreto foi muito feliz na sua reflexão:
- Seus filmes são também um tratado sobre as relações humanas, sobre as relações amorosas. Já cheguei a rever cinco vezes um mesmo filme de Bergman. Cada vez você descobre algo mais, já que é o cinema do que está escondido na alma, na cabeça dos personagens. É um cinema de reflexão, mas sem ser didático, chato ou intelectual, já que é um cinema de emoção.
Para o crítico Sérgio Rizzo, da Folha de São Paulo, Bergman forma com Akira Kurosawa e Federico Fellini uma espécie de santíssima trindade do cinema de autor no pós-guerra. Aqui falamos de filmes que provocam e envolvem o público sem medo de deixar algo mais na cabeça dos espectadores ao término da sessão.