Cinema comentado

Jornal O Norte
30/12/2006 às 11:34.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:47

O Cinema Comentado apresenta neste sábado a comédia O Incrível Exército de Brancaleone, do diretor italiano Mário Monicelli, encerrando a mostra Favoritos do Público





Jerúsia Arruda


Repórter

Cinéfilos de plantão têm com que se ocupar neste fim de semana, com a mostra Favoritos do Público, do projeto Cinema Comentado. São filmes já exibidos ao longo do ano e escolhidos pelo público para serem vistos novamente durante o mês de dezembro. Entre os filmes escolhidos estão clássicos como O Pagador de Promessas.


A Mostra termina neste sábado com a comédia italiana O Incrível Exército de Brancaleone, do diretor Mário Monicelli, considerado um dos filmes mais divertidos e criativos produzidos em todo mundo.

A comédia foi produzida em 1965, época em que a dramaturgia estava atrelada à sátira política, à contestação ideológica e à crítica aos líderes políticos e religiosos, à igreja católica e seus conflito com os muçulmanos, à decadência das relações sociais e aos vícios medievais, indo além do simples entretenimento, retratando situações reais e momentos difíceis vividos pela sociedade italiana na época.

ENREDO

O Incrível Exército de Brancaleone conta a história de Aurocastro, um bravo cavaleiro que em 1000 d.C. parte da França para tornar posse de suas terras. No caminho, é assaltado e assassinado por um bando de foras-da-lei que decide se apropriar do seu terreno. Para resolver a questão, o atrapalhado Brancaleone é escolhido para fingir ser o cavaleiro. Começa aí uma incrível aventura, onde Brancaleone e seus homens enfrentam os mais diversos perigos como os sarracenos, a peste negra, os bizantinos, bruxas e bárbaros. Brancaleone é uma espécie de um Dom Quixote mal vestido, um líder atrapalhado cujo exército não consegue atingir seu objetivo.

A sátira é uma contestação ideológica e política, uma crítica a líderes que investem em uma causa e têm suas investidas frustradas, desmistificando heróis da Idade Média, através de uma leitura cômica, que o diretor Monicelli confessa conter aspectos de sua própria vida.

Apesar da época abordada, o diretor não se preocupa em passar uma visão fiel da Idade Média, mas se refere a momentos políticos e situações difíceis de uma Itália governada por Mussolini, sempre com leitura cômica e inesperada, que passeia do lírico à ironia, onde heróis, damas, duelos e luxo são transformados em pobres, ignorantes, miséria, fome e frio, despertando a consciência do espectador.

O Cinema Comentado acontece na sala Geraldo Freire, ao lado da Câmara Municipal, a partir das 19h. Ao final da sessão tem bate-papo coordenado pelo jornalista e professor de cinema, Elpídio Rocha. A entrada é gratuita.         

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O REI DA COMÉDIA ITALIANA

Mario Monicelli é um dos mestres e, principalmente, um dos sobreviventes do cinema italiano, que, entre 1975 e 1976 começou a se dissolver. Aos 84 anos, com uma filmografia de mais de 50 títulos, é um nome forte na indústria cinematográfica.

Além de ser muito procurado, já pode ser considerado um patrimônio da história do cinema italiano. Em 2003, foi convidado a presidir o júri do 60º Festival de Veneza, onde já foi contemplado pelo filme A Grande Guerra, de 1959.

Monicelli nasceu de uma família de origem mantovana, e cresceu em Viareggio. Segundo filho do crítico teatral e jornalista Tommaso Monicelli. Em Viareggio vivenciou a efervescência cultural experimentada na cidade na década de 1930.

Freqüentou o Liceu Clássico Giosuè Carducci, se formando em História e Filosofia. Ingressou no cinema graças ao amigo Giacomo Forzano, filho do comediógrafo Giovacchino Forzano, fundador de um estúdio cinematográfico, com o curioso nome de Pisorno - uma junção do nome de duas cidades rivais, Pisa e Livorno.

Desde o início, Monicelli vai delineando o particular espírito toscano que será determinante em sua poética cinematográfica que imprimiu na comédia.


Crítico cinematográfico desde 1932, teve ativíssima produção, colaborando em cerca de quatro dezenas de filmes.

O começo oficialmente registrado de seu trabalho ocorre em 1949, em parceria com Steno (Stefano Vanzina), em Totó cerca casa, onde Monicelli começa a imprimir seu particular estilo narrativo, simples, mas eficaz e funcional, livre de firulas e virtuosismos, concentrando seu esforço no desenvolvimento do filme.

A colaboração dos dois diretores resulta frutuosa, e dirigem oito filmes em quatro anos, dentre os quais os célebres Guardie e ladri (1951) e Totò a colori (1952).

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