Cineasta de MOC ganha mundo

Filme ‘Beatriz’, do montes-clarense Alberto Graça, ficção vivida em Portugal, entra em cartaz

Paulo Henrique Silva / Adriana Queiroz
11/06/2019 às 09:40.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:03
 (MPC FILMES/divulgação)

(MPC FILMES/divulgação)

Será possível amar sem se odiar? A pergunta sintetiza o filme “Beatriz”, dirigido pelo diretor montes-clarense Alberto Graça e em cartaz a partir de hoje nos cinemas. A discussão sobre o fim do amor romântico está no centro da história, que mostra um casal que parte para Portugal e passa a viver uma grande ficção – literalmente – na relação.

O marido, vivido por Sergio Guizé, é um escritor em crise criativa que, por sugestão do editor espanhol, começa a pôr no papel o dia a dia com a esposa e advogada (Marjorie Estiano). Para incrementar mais a história, eles começam a fantasiar a própria relação, com desdobramentos imprevisíveis.

“A ideia de um amor romântico, da busca do par perfeito, vem do século XI. O filme critica um pouco essa ideia ocidental, de falta de percepção sobre o outro. E é por isso que os personagens chegam a essa situação-limite”, registra Graça, que há três anos aguardava o momento de lançar “Beatriz” em circuito comercial, após problemas administrativos da distribuidora RioFilme.
 
MANIPULAÇÃO
Graça salienta que a personagem de Marjorie mergulha de cabeça no romance do marido, com ambos se tornando prisioneiros de seus personagens. “O que está em discussão é o jogo de manipulação. Aparentemente, é ela quem está sendo manipulada pelo escritor. Mas é Beatriz quem conduz tudo em função de um projeto de família”, adianta o cineasta.

O hiato entre a finalização e o lançamento até ajudou o filme, tornando-o mais atual, já que a busca por uma reconstrução de vida em terras estrangeiras vem sendo cada vez maior. Além de Marjorie e Guizé, o elenco tem vários nomes portugueses.

“Eles receberam um trabalho especial, de meloteia, para tirar um pouco do tom engraçado que o português tem para nós. Fomos tirando palavras para que o espectador pudesse entender melhor”.

“O que adquiri em Montes Claros, carrego até hoje. A maneira de entender o mundo que compreendi ainda na infância e adolescência, especialmente adolescência. As coisas que li, as coisas a que tive acesso, os primeiros filmes, o interesse pelo cinema, a beleza da região, o cerrado. Aquilo tudo foi me informando, as minhas conversas com os colegas. A gente tinha uma turma muito importante, unida, discutíamos muita música, inclusive cinema. Minha formação foi pela experimentação, diz o cineasta. Aos 15 para 16 anos fiz um filme, um curta metragem em Montes Claros, com Geraldo Maurício, meu querido amigo Nenzão, tendo o Picolino como ator. Esse filme causou uma certa comoção. Depois, quando cheguei para fazer o científico, naquela época, em Belo Horizonte, e que fui ao CEC – Centro de Estudos Cinematográficos –, ainda em plena atividade em BH, aonde o Carlos Alberto Prates, que é de Montes Claros, um extraordinário cineasta, realizador notável, importantíssimo no cinema brasileiro, fez uma apresentação do filme q
ue muito me emocionou. E no CEC fiz meu segundo curta, ganhei um concurso lá dentro, entre os realizadores que se propuseram, a gente tinha um centro de estudos cinematográfico muito bem organizado e fiz esse curta. A partir daí, até muito recentemente, produzi mais de 30 longas, entre longas documentais e de ficção, conta.

Nos últimos cinco anos, Alberto investiu na produção de longas, sendo três documentários e três ficções.

Os de ficção foram “A Esperança é a última que morre”, comédia que lançou em 2016, e “Yvone Kane”, coprodução sua com Portugal.

“É um filme muito suave, muito bonito, sobre uma relação entre mãe e filha. Tem a Irene Ravache como a mãe, filmado todo em Moçambique, papel lindo. E “Beatriz”, que nessa escala é o último da ficção, que estou lançando agora. Nos documentários, venho desenvolvendo uma produção de filmes de investigação social. Me preocupa fazer documentários sobre questões sociais prementes no Brasil. E fiz o primeiro deles, sobre a fome, a história da fome. Como é que o Brasil, um país que viveu sempre na fome, desde a descoberta, conseguiu sair da fome e está ameaçado a voltar.

O outro filme documental é o “Tente entender”, dirigido pela Emira Silveira, um longa-metragem que investiga seis pessoas que contraíram Aids e a luta delas para enfrentar esse problema, seja no preconceito, na dificuldade, enfim, um filme muito bonito, delicado, sobre essa questão. E o último, é uma codireção também, participo como produtor e co-diretor, um filme sobre trabalho escravo no Brasil, que vai ser lançado em outubro. Uma coprodução com a GloboNews. Irá para os cinemas e passará na televisão também, revela.

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