Do sertão para as redes sociais

Chitas que fazem parte da memória são inspirações para Gildásio Jardim

Adriana Queiroz
14/05/2022 às 00:52.
Atualizado em 14/05/2022 às 13:16
 (Divulgação)

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Os tecidos que vestiam avós, tios e pessoas queridas no interior de Minas são a inspiração para a criação das peças do artista plástico Gildásio Jardim. Natural de Joaíma, no Vale do Jequitinhonha, ele diz que as estampas de tecido são lembranças das roupas das pessoas de sua comunidade, imagens que ele carrega em seu imaginário desde a infância na zona rural.

Foi nessa época que começou a fazer telas com essas estampas com o objetivo de provocar uma fusão entre os personagens do seu universo com as cores que eles trazem na vestimenta. De cada estampa tenta tirar um personagem ou vivência da cultura popular.

As imagens de Joaíma se unem às de Padre Paraíso, cidade pequena e pacata do Vale do Jequitinhonha onde Jardim mora desde os 9 anos. Lá, ele deixa fluir todas as memórias que compõem a sua arte.

“Queria retratar as vestimentas que tenho como referência de infância, que é a chita com bolinhas e florzinhas que as mulheres vestiam, e as chitas com xadrez, que eram as camisas dos homens”, explica o artista.

Jardim ressalta que esse tecido era sinônimo de pobreza. “Contudo, também era uma coisa muito bonita, que me remete à alegria e à simplicidade da minha gente, que tem como principal característica a afetividade”.
 
NA REDE
Os trabalhos que retratam um pouco do semiárido mineiro têm ganhado vitrine pela internet. Através das redes sociais, Gildásio Jardim tem divulgado seus trabalhos.

“Nessa atual fase do meu trabalho, a internet é de suma importância. Estou fora do eixo Rio-São Paulo, onde acontecem as principais manifestações artísticas-culturais. Então, graças ao Facebook, Instagram, WhatsApp, blog, além do YouTube, consegui fazer uma mídia que tem funcionado bem”, explica o artista plástico.

Ele tem feito contato principalmente com professores universitários, ONGs e museus. “No ano passado consegui ser aceito em uma comunidade que tinha 130 mil pessoas, que se chama ‘Esquerda compra da Esquerda’”, conta.
 
ROMPENDO FRONTEIRAS
Segundo Gildásio, foi a partir desse grupo que conseguiu uma mídia muito boa, o trabalho extravasou fronteiras digitais e chegou a vários grupos de WhatsApp de todo o Brasil. Até mesmo algumas TVs o procuraram para mostrar seu trabalho. 

“No momento, estou focado no Instagram e procurando me relacionar, principalmente, com o público que é o perfil que curte esse trabalho”, diz. 

Para quem está iniciando na área, ele diz que o ideal é tentar achar um trabalho original. “Algo pra dizer que seja diferente do que já está no mercado. A internet é um caminho sem volta. É uma ferramenta que podemos usar a favor”, afirma.

O artista está com uma exposição no Rio de Janeiro, em Copacabana, na galeria Iemanjá Vales. Tem produzido bastante para clientes, já que vende muito pela internet. Está criando um acervo que será levado para a França, para uma experimentação na Europa. “Estou com a expectativa de que após a pandemia, os editais ligados a feiras, museus, voltem a funcionar”.

Para acompanhar o trabalho do artista, basta segui-lo no Instagram @gildasiojardim.

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