CCBB abre exposição em comemoração aos 70 anos de carreira de Yara Tupynambá

Paulo Henrique Silva
Hoje em Dia - Belo Horizonte
20/02/2021 às 00:55.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:13
 (FOTOS PEDRO SIMÕES E RAQUEL GUERRA/DIVULGAÇÃO)

(FOTOS PEDRO SIMÕES E RAQUEL GUERRA/DIVULGAÇÃO)

A montes-clarense Yara Tupynambá, um dos maiores nomes das artes plásticas no Brasil, não tem dúvida: boa parte dos problemas da humanidade hoje se deve à falta de conservação da Natureza. É por isso que, desde a década passada, a pintora mineira vem dedicando uma série de quadros e gravuras ao tema.

A partir do dia 24, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Belo Horizonte, expõe 74 obras desta fase da artista norte-mineira. A mostra marca a comemoração dos 70 anos de trajetória de Yara, que, prestes a completar 89 anos em abril, bate ponto diariamente em seu ateliê.

“Graças aos céus, tenho uma saúde de ferro. Não tenho doença nenhuma. Isso vem de família. Meu avô viveu gloriosamente até os 88 anos, sem ter praticamente nada. No último domingo, dia em que você não tem muita interferência, fiquei no ateliê de 9h até as 18h”, registra.

A exposição traz o percurso de Yara por diversos biomas de Minas Gerais, começando pelo Vale do Rio Doce e pelo Vale do Tripuí, onde ela foi in loco estudar e retratar as florestas da região. No Parque Nacional da Serra do Cipó, a artista trabalhou em cima dos campos rupestres. 

No Jardim Botânico de Inhotim, ela observa um meio ambiente já modificado pela mão do homem. “E acabo a série mostrando uma série de jardins, que são a Natureza realmente criada pelo homem. Meu objetivo é mostrar, por meio da beleza, a necessidade da conservação”.

Para Yara, que foi aluna de Alberto da Veiga Guignard, famoso por retratar paisagens mineiras, a beleza destes ambientes seria capaz de comover as pessoas e impedi-las de destruir. Ela se vê como ecologista, tão ou mais preocupada com a Natureza do que “muita gente de gabinete”.

Mais da metade das obras é inédita, com destaque para séries sobre o Parque Municipal, em Belo Horizonte, e os jardins de sua própria casa. Há ainda uma homenagem ao francês Claude Monet, célebre pintor impressionista que trabalhava ao ar livre.

Yara esteve em Giverny, na França, na década de 1980, e criou a sua visão sobre a casa e os jardins do artista. “É um dos lugares mais lindos do mundo. Fiquei encantada e trabalhei sobre isso”.

Da série que resultou nestas pinturas, a montes-clarense guardou um quadro, que surge nesta exposição como uma forma de evidenciar o trabalho prévio de um artista. “Tudo acontece a partir de estudos, fazendo esboços antes de começar. Não vamos direto fazer um quadro, ao contrário do que as pessoas geralmente pensam”, explica.

Yara se diz um pouco jardineira, dedicando grande tempo a cuidar das plantas. “Ele não é imenso, mas é um jardim variado. Tenho flores que dão em épocas diferentes do ano”.

A artista ainda não definiu seu próximo tema. “Esse é o grande segredo e a grande angústia do artista. Quando termina um ciclo, e este meu dedicado à Natureza foi grande, ele tem que buscar um assunto que o comove”, assinala.

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