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Quinta-Feira,21 de Novembro

CARNAVAL DE MOC MARCOU ÉPOCA

Jornal O Norte
05/02/2008 às 09:19.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:24

Da Redação

Realizado pela última vez em 1988, o carnaval de rua de Montes Claros é hoje uma página de saudade. Todavia é impossível não lembrar dos grandes desfiles realizados no século passado, mais especificamente, na década de 70, na Avenida Coronel Prates.

A partir de 1971, foi introduzida uma disputa entre as agremiações, passando a ter uma motivação maior, pois os desfiles se transformaram numa grande competição, com várias escolas disputando o cobiçado título de campeã do carnaval da cidade.

A Unidos do São João foi a primeira a conquistar o primeiro prêmio, em 1971, garantindo o primeiro lugar no ano seguinte também. Escola do carnavalesco Edmilson Sá, tinha como inspiração a Salgueiro, escola de samba do Rio de Janeiro, levava as cores vermelho e branco e conseguia empolgar com o ritmo da bateria e com a grande torcida, que tinha componentes dos Bairros São João, São José, Esplanada, Renascença e Edgar Pereira.

Nos anos 70, outras escolas também movimentaram a Avenida Coronel Prates, como Unidos do Bonfim, Vanguarda do Samba, Academia do Samba, Academia da Vila, Mocidade Alegre do Roxo Verde.

VANGUARDA IMPERIAL MARCOU ÉPOCA

· Em 1977, o carnaval montes-clarense daria um salto de qualidade. Nascia ali, mais uma famosa escola de samba do interior mineiro. A Vanguarda Imperial, do casal de empresários Geraldino Boutique e Wanda, mudou  o perfil da festa, introduzindo o luxo, os carros alegóricos, destaques, e alas inteiras vindas do Rio de Janeiro.

Na época, Emerson Cardoso havia conquistado o título de melhor Calouro do Brasil, no saudoso programa, Buzina do Chacrinha, na extinta rede Tupi.

Sobre essa época, Wanda Coelho recorda com saudades.

- Fazíamos festas e investíamos muito do nosso próprio dinheiro, pois apenas a ajuda da prefeitura  não era suficiente – comenta Wanda.

A Vanguarda foi a maior escola de samba do carnaval norte-mineiro. Tinha cerca de mil componentes.

Nesta época Geraldino e Wanda trouxeram da baixada fluminenses, o saudoso Simonal Cor Morena, ex-puxador de samba da Beija-Flor e da Imperatriz Leopoldinense.

A escola chamada de papa título, foi campeã de 1977 a 1983, perdendo o título somente em 1981. Após esse período parou de desfilar, mas continuava recebendo convites para desfilar em BH.

A super produção da Vanguarda motivou o carnaval, nasceram os blocos que desfilavam antes das escolas, entre eles, Cara de Pau, Destack ( esse de tão bom, virou escola de samba). Era comandado pelos irmãos Dodô e Marquinhos. O bloco do Saci, do Santo Expedito, juntamente com o Bosta ( esse não concorria, mas cativava pela irreverência). O Bió e Salomé foi outro que também faz parte da memória do carnaval da cidade.

O Leguedê, de Marlene Tavares e Nem, do Bairro Santa Rita foi campeão como bloco e vice como escola de samba, mais tarde.

Feijão Maravilha, de Nivaldo, Chulé, do médico João Afonso também escreveram a história do carnaval de Montes Claros.

IMPÉRIO SÃO JOÃO E O ÚLTIMO CARNAVAL

· Em 1988, foi realizado o último carnaval de Montes Claros. Naquele ano os desfiles de rua atingiram seu ápice.

Naquele ano, a escola de samba  Império São João foi a grande  campeão do carnaval, trazendo para a avenida o enredo Axé Brasil, o Carnaval.

A Império São João era presidida pela carnavalesca Mirian Mirtes e era considerada uma filial da Beija – Flor do Rio, no Norte de Minas.

A escola seria inclusive, batizada pelo famoso carnavalesco Joãozinho Trinta. No segundo lugar, naquele ano de disputa acirrada, com apenas um ponto atrás da campeã, fiaram empatadas a Destack e o Leguedê.

Sobre essa época áurea do carnaval da cidade, a jornalista Adriana Queiroz afirma que o carnaval de antigamente era para o povo.

- Famílias inteiras participavam dos blocos, o Automóvel Clube com as bandas, tocando as marchinhas e todo mundo, de criança a idosos, podiam participar da folia, pois se gastava pouco dinheiro e haviam muita alegria e respeito; e lógico, não existia essa violência, porém hoje, diversos fatores colaboram para que muita coisa seja diferente de anos atrás, como a violência e o custo alto pela diversão, isso se tratando de micaretas. Nos últimos vinte anos, simplesmente não existe o que fazer durante o feriado de carnaval. Esperamos que a próxima administração pense não só em carnaval de rua, mas em promover eventos culturais nesta época do ano – ressalta a Jornalista.

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