Cantor Niegro é atração na virada

Músico januarense fala sobre carreira, repertório e cenário artístico local antes de subir ao palco no Réveillon

Adriana Queiroz
Montes Claros
18/12/2017 às 20:47.
Atualizado em 03/11/2021 às 00:19
 (Divulgação)

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É de praxe que a maioria dos montes-clarenses celebre a virada do ano nas praias da Bahia. Mas quem decidir ficar na cidade terá como opções festas e ceias oferecidas pelos hotéis, clubes e restaurantes. E se tem uma coisa que não pode faltar é música de qualidade. Uma das atrações é o músico Niegro, de 32 anos, que tocará no Favoritto.

Nascido em Januária, ele se considera montes-clarense por ter fincado raízes muito cedo na cidade, pois veio para a Princesa do Norte com 5 anos. O pai é militar aposentado da Banda de Música da PM e a mãe, Direnilde, cantou na noite e nos corais da AABB e Lorenzo Fernandez, além de ter participado de grupos de seresta. Niegro cresceu ouvindo de tudo, desde sertanejo até pop americano. Hoje canta, compõe e toca vários instrumentos. 

Para os festejos do dia 31, ele promete um repertório mais animado do que nunca, com canções que embalaram o Carnaval de muita gente, de artistas como Chiclete com Banana, Sambô, Monobloco e Tomate. Confira nosso bate-papo.
 
Como anda seu repertório?
Meu repertório até pouco tempo atrás era bem pragmático. Hoje as pessoas têm um artista diferente, muito mais atento ao que está acontecendo no mercado fonográfico e ao desejo do público. Recentemente, comprei um cavaquinho e me dispus a viajar no universo de músicas que se toca com tal instrumento. A música brasileira (principalmente o pagode e o axé) agora fazem parte das nossas seleções musicais nos shows que apresentamos. 
 
Quando criança imaginava ser músico?
Não. Queria ser piloto de fórmula 1 ou eletricista. Aí quando cresci um pouco, quis ser violinista, mas não tive acesso ao instrumento. Só que um dia, em uma missa de 15 anos em que fui convidado, o tecladista não compareceu e de última hora eu fui lá e salvei o evento, tocando o que aprendi dentro de casa sozinho. Aí a ficha caiu.
 
Não é de hoje que o povo norte-mineiro se destaca na área da cultura. O que falta na cena musical montes-clarense?
A pergunta é complexa, mas acho que falta motivação! Acho que em nossa cena é preciso que alguém alcance os patamares do showbizz como protagonista para que o resto da turma veja aquilo e diga: “Era um como a gente e chegou lá, porque nós também não podemos fazer igual?”. O artista precisa entender que a arte é também um produto que tem valor (muito valor), que é comercializado, mas ele não pode enlatar o processo, pois senão perde a essência. Vejo muita gente com um talento fora da curva desmotivada, tocando por migalhas em barzinhos ou se submetendo a trabalhar em outros setores para conseguir “fazer sua arte no fim de semana”. Isso é triste... muito triste!
 
O que tem lhe inquietado ultimamente?
Me inquieta o nosso silêncio... Não é hora de ficar calado! Mesmo porque não considero textão no Facebook um movimento de fala. Muito pelo contrário, reflete a preguiça que temos de sair do nosso espaço (zona de conforto) para expressar nossas opiniões. As pessoas têm medo do olho no olho. Terminam relacionamentos por redes sociais ou travam diálogos de horas e ao vivo mal se falam por não ter assunto. A tecnologia está ai é para encurtar caminhos e não afastar as pessoas. Tem o silêncio também diante do cenário político. Mas não vou me delongar nesse ponto senão ficamos horas aqui!
 
O que te inspira?
A descoberta do novo... mas veja bem, tem muita coisa que está em volta de nós por anos que não descobrimos ainda, e quando a gente percebe a cabeça explode e vem aquela pergunta: “onde eu estava esse tempo todo que eu não tinha visto isso?” o movimento constante de aprendizado me inspira muito, pois sempre tem fonte nova pra tirar alguma coisa.
 
Você é pai de gêmeos. Canta para seu filhos? Como é? Tem que dividir tarefas com a esposa?
Meus filhos... meu Deus. tanta coisa clichê passa na minha cabeça aqui! Coisa que só quem é pai sabe! Canto sim pra eles. Desde que nasceram e ficaram na UTI neonatal. Não foi fácil, mas a música ali trazia um momento de conforto. Isso foi tão forte que hoje o mais agitado em alguns momentos só se acalma quando eu canto pra ele a canção da época do hospital. É aquela música do Paulo Sérgio que no refrão diz: “meu filho Deus que lhe proteja, e onde quer que esteja eu rezo por você... eu adoro ver você sorrindo, teu sorriso, faz de tudo eu esquecer!” é impressionante como ele se acalma e consegue organizar a cabecinha que é um furacão de informações! Eu tento fazer minha parte em casa, cozinho pra eles, dou banho, troco fralda, coloco pra dormir com uma habilidade até maior que a mãe... mas nem compara ao que ela faz. Fernanda é uma guerreira!

Vejo muita gente com um talento fora da curva desmotivado, tocando por migalhas em barzinhosRecentemente comprei um cavaquinho e me dispus a viajar no universo de músicas que tocamos com tal instrumento
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