Cantor e compositor Sebá encontra equilíbrio na música

Após lidar com transtorno de ansiedade e dar vazão a processo de autoconhecimento, artista de Januária radicado em Montes Claros investe na criação e em canal no YouTube

Adriana Queiroz
23/07/2019 às 05:21.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:39
 (SAMUEL BRITO/DIVULGAÇÃO)

(SAMUEL BRITO/DIVULGAÇÃO)

Sebastião Oliveira Mota Júnior, que usa o nome artístico de “Sebá”, é natural de Januária e mora em Montes Claros há 4 anos. Sempre foi uma criança que cantava em casa, inspirada pela Música Popular Brasileira de todas as vertentes. E, ao se descobrir compositor nas ruas de Montes Claros, sua história na música deslanchou.

“Depois de lidar com transtorno de ansiedade, entre o fim de 2017 e início de 2018, deixei pública minha atividade artística”, conta ele.

Sebá começou fazendo covers de músicos consagrados, porém, sentia que precisava dar vida às músicas autorais que já escrevia. “Foi quando aceitei minha vida artística e coloquei no ar um projeto de música autoral que batizei de Experimentalize, nascido das palavras experimentar e mentalizar. Duas ações que precisava colocar em prática”, revela.
 
O que você ouvia quando criança?
Na minha infância simples em Januária, sempre ouvia muita música. Minha mãe tinha um Micro System e a música rolava solta em casa durante boa parte do dia. Cresci ouvindo de tudo: do samba (Raça Negra), passeando pela MPB (Ana Carolina), até forró e música paraense (Calypso e afins). Talvez isso explique minha pluralidade.  
 
Como é seu processo de criação?
Meu processo de composição é extremamente natural e intuitivo. Nunca estudei música. Às vezes, fico pensando se esse “dom” é algo relacionado a herança divina ou qualquer outro fenômeno. A criação de música aflora sempre em momentos inesperados. Nunca escrevi música em uma situação confortável. O barulho dos carros na rua, as pessoas e as situações desconfortáveis, como fila de supermercado ou espera do transporte público sob um sol escaldante me inspiram totalmente, por mais bizarro que possa parecer. Por isso, ando sempre com o celular na mão, para usar o gravador de voz quando preciso e não perder nenhuma ideia quando surge.
 
Fale de sua banda. São músicos constantes?
Comecei na música de maneira “solo”. Até pensei em montar uma banda na cidade, mas, sem muito êxito. Preferi seguir meu próprio caminho, mas, claro, muito bem acompanhado sempre. A pessoa mais importante na minha carreira em Montes Claros foi o “Adonay Trindade”, um instrumentista e produtor independente. Foi para ele que apresentei minhas primeiras músicas. Desde então, ele me auxilia na produção. Não tenho uma banda fixa, mas é algo que pretendo ter. Quando as coisas alçarem voos mais altos, isso será inevitável.  
 
O que tem ouvido? E o que tem lido?
Sou uma pessoa despida de preconceito musical. Há gêneros que ouço mais e outros menos. Porém, isso não desmerece um trabalho quando é bem feito. Consigo reconhecer isso facilmente. Na minha playlist atual não ficam de fora Djavan, Jorge Vercillo, Ivete Sangalo, Liniker e Os Caramelows, Caetano, Iza, Rosa Neon e outros nomes da nova cena brasileira. Tenho lido muito sobre autoconhecimento e mercado da música. Nenhum livro específico, mas me aprofundo nesses dois temas, em artigos e matérias na internet.  
 
E sua agenda, tem alguma apresentação recente?
Não tenho nenhuma data marcada, mas estou mais que ansioso para as Festas de Agosto da cidade. Estou na luta por espaço e tenho em mente que me apresentar na festa mais tradicional da cidade que me abraçou seria, sim, uma grande realização. Afinal, foi aqui onde tudo começou.
 
Em maio você lançou a canção “Eu Te Perdi Pra Bahia”, com uma pegada de afoxé. Conte um pouco sobre ela.
Sempre fui fascinado pela Bahia. Nós do Norte de Minas temos muitas coisas em comum com os baianos. A música conta de maneira divertida a história de alguém que perdeu o amor para o carnaval da Bahia. Escrevi no ônibus, voltando do trabalho, e não foi inspirado em alguém específico. Amo inventar historinhas divertidas nas minhas composições ou contar algo que eu gostaria de vivenciar (risos).
 
Qual é a sua visão do cenário da arte no Norte de Minas?
Sinto que está cada vez mais quente. Temos muitos artistas em atividade, alguns até em ascensão, e a música autoral está cada vez mais viva. Me sinto feliz por contribuir com este momento da cidade. Só precisamos nos mobilizar com mais eficiência e cobrar cada vez mais espaço e um olhar atento dos órgãos públicos para com a nossa atividade.
 
Como entende o papel social do artista?
Acho primordial que o artista se enxergue como agente transformador na sociedade. Eu sou um exemplo vivo disso: venci um momento meio depressivo e preferi seguir um caminho de leveza e amor. Tanto é que o projeto de música autoral “Experimentalize” vai virar, ainda neste ano, um evento que une arte e debates sobre saúde mental.
Instagram: @sebamota
Facebook: SEBÁ
Youtube.com/sebaoficial

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