Atriz Edna Ramos tem usado o período da pandemia para colocar no papel suas lembranças de vida

Adriana Queiroz
O NORTE
12/01/2021 às 00:14.
Atualizado em 05/12/2021 às 03:54
 (Divulgação)

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Reinvenção tem sido uma palavra-chave para quem atua no teatro neste período de isolamento social. Sem a possibilidade de encontrar o público fisicamente, atores independentes, como Edna Ramos, passa a maior parte do tempo escrevendo as próprias histórias. “São recordações de minha trajetória de vida, desde a infância sofrida, criada na roça, fazendo serviços de adulto para ajudar meus pais no sítio. Penso em um dia editar, além das minhas quase 200 poesias, que estão guardadas”, conta.

Edna nasceu em Itamarandiba, no Vale do Jequitinhonha, morou em Montes Claros por vários anos, mudou-se para Campinas (SP), ficou viúva e seguiu para o Rio de Janeiro para estudar teatro e cinema. “Era um sonho de infância, nunca tive condições. Tive um marido machista que nunca aceitaria minha participação nos palcos. Foi aí que cursei teatro e cinema e atuei em algumas peças no Rio de Janeiro”.

Em 2016, Edna voltou a Montes Claros e participou do filme “Gente Igual a Você”, no papel de uma prostituta, do roteirista montes-clarense João Jorge de Almeida, dirigido por Diego Dutra. O curta foi gravado em Montes Claros e contou com a participação do ator e humorista Anselmo Vasconcelos.

“No teste havia jovens mulheres candidatas, e eu não era o perfil que procuravam. Mas enfrentei com a cara e a coragem e fui atraída pelas lentes de Paulo di Tarso, produtor do elenco do filme”, diz. Em seguida, a atriz participou de uma audição para a peça “ER”, do diretor Paulo di Tarso, um trabalho de criação coletiva, onde as sensações, emoções e sentimentos são aflorados em todos os personagens.

“Tivemos algumas apresentações (pré-estreias). “ER” é impactante, forte, mexe profundamente com o ser humano, detona com o preconceito e a hipocrisia. Em breve, depois da pandemia, subiremos ao palco com um espetáculo mais completo”, conta.

No Rio, Edna viveu uma beata, uma personagem rude, debochada na peça “Retrato de Família” e também uma socialite na peça “Cenas Cariocas”, dos diretores Monique Lafond e Rogério Garcia. Foi ainda a governanta no espetáculo “Quem matou Molliere” e uma vedete em “Geração Trianon”, de Fernando Berdtchevsk.
 
VALORIZAÇÃO
A atriz considera muito importante incentivar e valorizar não só os atores do Norte de Minas, mas também os figurinistas, ajudantes de palcos e técnicos. “São tempos difíceis. É importante apoio nessa hora. São ótimos atores e grandes profissionais em Montes Claros, mesmo com a precariedade de cursos bons e a falta de um teatro que nos dê suporte para grandes espetáculos. O “ER”, por exemplo, é um espetáculo que requer um teatro categoria A e B, e apresentamos algumas vezes no Centro Cultural Hermes de Paula, mas foi apenas 70% do espetáculo, por falta de estrutura”, lamenta.


 

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