‘As Panteras’ é puro girl power

Visão sexualizada é deixada para trás em novo filme que estreia hoje

Paulo Henrique Silva
14/11/2019 às 08:01.
Atualizado em 05/09/2021 às 22:41
 (ABC/COLUMBIA/DIVULGAÇÃO)

(ABC/COLUMBIA/DIVULGAÇÃO)

Não que “As Panteras”, como já deixa claro o título, não fosse antes protagonizado por mulheres. Mas tanto na série exibida entre 1976 e 1981 quanto nos dois filmes lançados em 2000 e 2003 havia uma visão preponderantemente masculina sobre as missões de três detetives particulares, a começar pela própria hierarquia da agência, comandada pelo boa-praça Bosley e pelo misterioso Charlie, de quem sempre ouvimos apenas a voz – o título original, por sinal, é “Charlie’s Angels” (“Anjos de Charlie”, na tradução).

Agora, com o novo longa-metragem – que chega hoje aos cinemas –, há um projeto que, desde os créditos, tem um olhar mais feminista e adequado ao nosso tempo. A começar por Bosley, que passa a definir um cargo de chefia (como um tenente, explicam no filme) que pode ser ocupado por uma mulher, vivida por Elizabeth Banks, que também assina a direção. Mudanças substanciais que afetam também a maneira de apresentar o trio central.

Embora sejam belas à sua maneira, elas não viram um objeto sexual ambulante, como era comum na série, ao explorarem o corpo de Farrah Fawcett e Kate Jackson. E, o principal, não representam mulheres idealizadas pelos homens. Se nas produções anteriores havia padrões como a loira escultural, mas pouco inteligente, a versão 3.0 de “As Panteras” tem lésbica, negra e uma detetive baixinha e gordinha. Rompe-se, portanto, com a busca de uma simetria estética a partir do próprio elenco, se podemos dizer assim.

Isso é perceptível até mesmo no material de divulgação, em que dificilmente vemos as três (vividas por Kirsten Stewart, Ela Balinska e Naomi Scott) fazendo poses pouco naturais em que estão atirando ou dando golpes no ar.

As diferenças são valorizadas, mas não superdimensionadas. O fato de ter mais conhecimento em tecnologia não faz de Elena a “esperta” do grupo, por exemplo.

O filme de Banks repete a mesma estratégia feita com o agente inglês James Bond. Retira-se o glamour para imprimir maior realismo, especialmente nos momentos de ação. A história pode ser um pouco batida para quem já viu muitos filmes de espionagem e o humor muitas vezes não funciona, mas as personagens são cheias de carisma. Pode-se dizer, sem titubear, que as detetives deverão cumprir novas missões na telona num futuro muito breve.

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