Michelle Tondineli
Repórter
O final de semana será de muito teatro no centro cultural Hermes de Paula com o espetáculo As mãos de Eurídice, do grupo de teatro Vida e Os 10 +, de 04 a 06 de junho, às 20h30min. O espetáculo é um monólogo de Pedro Bloch, que será interpretado por Diógenes Câmara e contará com a participação de Flávia Lopes como Eurídice.
De acordo com o produtor Marcos Guimarães, o texto do espetáculo, um drama dos anos 50, é consagrado no mundo todo.
- É uma história que acontece muito nos livros de hoje. Um homem muito rico, pai de família e marido exemplar encontrou uma mulher, Eurídice, e se apaixonou por ela - afirma.
O ator Diógenes Câmara completa que o espetáculo gira em torno de uma paixão.
- São 55 minutos de espetáculo com dois atos. Em meu papel eu trabalho interagindo com a plateia a todo o momento. Depois que o homem conhece Eurídice, ele começa a frequentar os cassinos em Buenos Aires. Em suas conversas, ele tenta transmitir a parte louca dele, falando coisas que não têm nada a ver. Ele enlouqueceu com a perda de Eurídice, que o deixou na miséria, e a perda da família - diz.
Diógenes, com 60 anos de teatro, realizou a primeira apresentação de As mãos de Eurídice em 1963. Depois disto, voltou a apresentar o espetáculo outras quatros vezes com roupagem diferente.
- Eurídice era uma jogadora, jogava roleta. A peça fala das mãos brandas e suaves em cima do tapete vermelho da roleta, a jogatina. Outros atores que já apresentaram esta peça no Brasil foram Procópio Ferreira e Rodolfo Maia - afirma.
Marcos, que tem 35 anos de teatro, diz que, quando resolveu produzir o espetáculo juntamente com Diógenes, sentiu que a aceitação seria boa.
- Para mim, é a apresentação mais bela. Em qualquer momento que apresentamos esse espetáculo eu sempre sinto que todos vão gostar. E, para completar, nós criamos a imagem de Eurídice, com a interpretação de Flávia, no imaginário. A novidade desse espetáculo é o microfone auricular, que leva o som a todos os lugares do teatro - conta.
O produtor falou ainda da necessidade de um teatro maior na cidade.
- Nós temos bastante dificuldade para apresentar uma peça local. Temos um excelente auditório do centro cultural, mas ele não é só para teatro, e todos os grupos sentem essa falta. Agora estamos pedindo aos empresários que construam um grande teatro na cidade. O centro cultural hoje é o centro de tudo, formatura, política, reuniões, e ele foi criado para teatro, mas acabamos usando pouco. Então, fica difícil trazer espetáculos de fora. Não conheço muito dos palcos alternativos, mas sei que eles não possuem jogo de luz e nem camarim - diz.
Pela primeira vez em um palco, a estudante de Direito Flávia Lopes tem que quebrar a imagem de boa menina e abusar da sensualidade.
- Minha interpretação de Eurídice explora a sensualidade. Ela é uma mulher vulgar, que fez um homem perder todo o dinheiro, toda a vida. E eu entro com uma dança sensual. É um desafio porque tenho que perder a minha timidez para interpretar uma mulher vulgar. Eu nunca havia dançado e ainda mais em um palco de forma sensual - conta.
Flávia diz ainda que teve que assistir a outras apresentações, mas os cursos e o desejo também auxiliaram.
- Eu fiz curso de teatro em Belo Horizonte, porque em Moc não encontrei específico. Gostei e tenho vontade de fazer teatro no rio. Meu pai já fez teatro com Marcos e agora eu estou estreando - finaliza.