Michelle Tondineli
Repórter
O artista plástico Afonso Teixeira se prepara para expor suas mais recentes obras, com cores vibrantes e muita luz, através de pinceladas contemporâneas do cotidiano. A exposição, de 15 quadros, acontece de 2 a 9 de junho, das 14h às 20h, na galeria Vitrine.
Afonso trabalha com pintura há quarenta anos. A paixão pelas telas começou desde cedo.
- E aí, com o tempo, fui praticando essa arte da mão. É claro que com seis anos não somos artistas profissionais. Hoje a definição da minha arte é simples, composta por abstração, geometria e figuração. Quando eu começo a pintar começo pela horizontal, derramo a tinta na superfície da terra e vou trabalhando com a mão. A abstração tem um lado despojado, improvisado, jogado e sem comprometimento. Depois de esse lado estar fazendo barulho, ela vai para a verticalização no cavalete - conta.
O trabalho na vertical serve para acalmar o barulho gritante que a abstração deixou.
- Eu acalmo o quadro abstrato com formas geométricas abstratas. Essas formas têm como característica a severidade e precisão. Aí acontece o diálogo do primeiro conflito do trabalho. O abstrato taxado, o ruído e a calmaria. Logo após ele estar calmo, eu entro com a figuração hiper realista. É o desenho com a pintura - afirma.
A exposição trará temas variados, desde o contraste da luz e sombra, o abstrato com geométrico e figuração, e até mesmo os temas de trabalho recorrentes do artista, tais quais a mulher, a música, a dança, o cotidiano, a pintura religiosa e profana.
- O meu trabalho nunca fica pronto no mesmo dia. Na minha opinião, o trabalho precisa dormir. Não gosto de industrialização, feito para vender, faço por mim. Eu trabalho muito e acho que quando um quadro acabou ele precisa dormir, se eu acordar e achar que devo mudá-lo é porque ele ainda não está pronto. E com isso nós entramos no processo de hipnose. Você projetou a imagem na tela e está revelando a imagem. Eu trabalho mais de 10 horas seguidas. Um quadro que emburra eu apago e não termino nunca, começo outro. É possível ver aonde o quadro vai durante o processo de criação. Eu imagino que estou procurando pintar um quadro, e tem 40 anos que estou o procurando. Quadro você não consegue concertar, não existe isso - afirma.
Sobre o mercado de arte em Montes Claros, o artista admite que é complicado, mas diz que é bem mais fácil do que na época em que Godofredo e Constantin começaram.
- Acredito que a cidade precisa de educação artística nas escolas, precisa colocar uma política cultural, e quando as pessoas tiverem essa educação, quem gosta de arte começa a ter uma tendência a comprar. Talvez, se colocar nas ruas a mostra, as pessoas pegam o gosto da arte. Quanto mais tiver, mais as pessoas valorizam – conclui.
Outras informações na Avenida Mestra Fininha, 880, loja 04, ou através dos telefones (38) 9141-1816 e (38) 4141-3322 (Flávia Melo).