Cultura

Apagam-se as luzes...

Cineasta montes-clarense Paulo Henrique Veloso Souto morre neste domingo, deixando como legado a valorização da arte regional

Adriana Queiroz
18/07/2022 às 22:41.
Atualizado em 18/07/2022 às 22:44
Paulo Henrique se definia como um colaborador para o reconhecimento da arte brasileira: “Vida rica que o cinema me proporciona”, dizia (silvana mameluque/divulgação)

Paulo Henrique se definia como um colaborador para o reconhecimento da arte brasileira: “Vida rica que o cinema me proporciona”, dizia (silvana mameluque/divulgação)

O cineasta Paulo Henrique Veloso Souto, de 75 anos, morreu neste domingo (17), em Montes Claros, em decorrência de complicações cardíacas. Ele estava internado desde 17 de junho no Hospital Dilson Godinho.

Paulo Henrique foi produtor executivo e ator em “Cabaré Mineiro” e “Escolhido de Iemanjá”. As festas populares são mostradas em seu documentário “Aníbal, um Carroceiro e seus Marujos” (festejos em Montes Claros), de 1980.

O cineasta era formado em Comunicação, tinha carteira do Sindicato dos Artistas do Rio de Janeiro nas funções de diretor cinematográfico, produtor executivo e ator. Tinha formação de ator pelo Teatro Tablado de Maria Clara Machado.

Paulo Henrique estudou no Jardim das Irmãs Mercedárias e fez o primário do outro lado da rua, no Grupo Escolar Francisco Sá. Fez o ginásio e científico na Escola Normal e Colégio São José. Além da Faculdade de Comunicação, estudou na Escola de Artes Guignard, em Belo Horizonte.

Em uma entrevista concedida a O NORTE em 2019, ele disse que Montes Claros é uma fábrica de artistas. 

“Viva e reviva! Toda vida foi assim. Daqui saíram dois membros da Academia Brasileira de Letras – Cyro dos Anjos e Darcy Ribeiro – e quatro consagrados cineastas – os irmãos Ricardo e Mauricio Gomes Leite, Carlos Alberto Prates e Alberto Graça. Como eu disse, ‘saíram’ daqui para outras plagas, devido à falta de oportunidade na própria terra, mas deixaram legados para o mundo, e muitos ficaram aqui mostrando sua arte nas rádios, teatros. Hoje, a cidade tem inúmeros artistas em todas as áreas – teatro, pintura, música, escritores. Beto Guedes, Murilo Antunes, Élcio Lucas nos representam mundo afora na música popular. E os artistas natos: os membros dos Catopês, Marujada e Caboclinhos, que exibem suas habilidades nas ruas em agosto. Mas falta um teatro de porte, com boa acústica, uma sala de cinema e livraria no mesmo espaço para o reconhecimento da arte local”, disse, à época. 
 
CURRÍCULO
Consta de seu currículo a participação em mais de 200 produções, tendo atuado como ator, diretor, assistente de direção, assistente de produção, produtor, além de divulgador, agitador e assessor de comunicação em diversas produções nacionais. 

Dentro de tantas atividades, ele se definia como um colaborador para o reconhecimento da arte brasileira.

“Sem nenhuma modéstia, e isto é um luxo, poder fazer o que gosto. Desde trabalhar nas produções, frequentar os sets de filmagens, ora atuando, em mais de 70 participações em filmes, além de televisão. É importante divulgar centenas de filmes, acompanhando diretores e atores por várias cidades do país, antes da internet, trabalhando na extinta Embrafilme e com a minha empresa PHd Divulgação no Rio. Aprendi muito nestes anos dedicados, principalmente, ao cinema brasileiro, nas mais diversas atividades, conciliando trabalhos e me dedicando com muito prazer. Uso uma frase: ‘Vida rica que o cinema me proporciona’”, disse. 

Depoimento
Falando do cinema (que ficou) mudo... Paulo Henrique Souto foi inspiração para nós, arteiros montes-clarenses. Quando de nossa incursão inédita no mundo que ele habitava, do cinema, egressos do teatro, tivemos dele o melhor incentivo. “Isso, façam cinema! Viva o cinema do Brasil!”, dizia, num trocadilho que me emocionou. E emociona... Penso que PH tinha todos nós, pioneiros da telona montes-clarense, nós, de “U ômi qui casô cua mula”, como seus filhotes da sétima arte. Paulo era e será a nossa grande referência. “Você é nossa inspiração”, disse a ele, um dia. Falamos muito sobre nossa produção, sobre o roteiro, as condições quase precárias para filmarmos e dele recebemos os melhores ‘conselhos’, dicas importantes sobre como fazer cinema. Foi obrigado a recusar nosso convite para acompanhar as gravações no sertão de Minas ‘por causa da pandemia’, que estava no seu apogeu. Sobre o filme, registrou: “Não pude ir, mas meus convidados adoraram”. Ficamos de assistir ao filme numa oportunidade em que ele ‘estivesse  em condições de saúde apropriadas’. Não tivemos tempo. Eduardo Brasil

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