Apae realiza exposição de mandalas

Jornal O Norte
Publicado em 23/08/2010 às 10:46.Atualizado em 15/11/2021 às 06:36.

Michelle Tondineli


Repórter



Para comemorar os 40 anos da Apae – Associação de pais e amigos dos excepcionais de Montes Claros, será realizada no Montes Claros Shopping Center,  de  21 a 27 de agosto, uma exposição de mandalas, todas produzidas pelos próprios alunos. A mandala é o símbolo universal da totalidade, da integração e da harmonia. Em várias épocas e culturas, ela foi usada como expressão científica, artística e religiosa. 



Segundo a presidente da Apae, Ana Paulina de Abreu, em 40 anos, muitas mudanças foram realizadas na associação.



FOTO RICARDO GUIMARÃES


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Vanderlei Maria de Abreu adora fazer mandalas
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- Como as políticas públicas e o fazer valer dessas políticas, que minimizaram as nossas expectativas frente às necessidades dos nossos alunos, o nosso espaço físico precisou ser adequado para o atendimento às novas demandas. Como o atendimento aos adultos acima de 21 anos, que não são contemplados com os convênios na área da educação e que se concentram no novo serviço oferecido pela instituição - afirma.



Os serviços oferecidos à comunidade são viabilizados através de parceria com o município.



- Levar para a sociedade o reconhecimento da capacidade intelectual e artística dos nossos alunos, haja vista o movimento de inclusão, quer seja na escola, família, sociedade e no acolhimento das pessoas com deficiência intelectual, é de fundamental importância - diz.



Para a professora da oficina de mandalas, Maria Celeste Pires Silveira, a oficina agrega vários valores aos alunos, como o desenvolvimento, a percepção, o trabalho em equipe, a socialização, coordenação motora fina e na concentração.



- O ganho está no companheirismo que esses alunos adquirem com os outros colegas. Eles se tornam cada dia mais parceiros, pois a construção e confecção das mandalas é feita em grupo. Se não fosse assim, não ficaria tão belo quanto está. Além disso, eles aprendem a ter mais calma e persistir. Tínhamos alunos aqui que diziam não conseguir fazer, mas hoje fazem muito bem. Com o passar do tempo eles vão ficando incentivados e têm o prazer em desenvolver esse trabalho - conta.    



Maria Celeste trabalha na associação há 29 anos. Ela afirma que jamais deixaria de realizar este trabalho com os alunos.



- Criamos um carinho, amor e uma relação com os alunos especiais, sabendo conviver com cada um deles. Não existe uma técnica artística. O que temos é paciência com os alunos e uma relação de amizade, onde brincamos e conversamos com eles. É uma relação de amor e dedicação; isso influencia mais do que qualquer estilo de arte. A instituição sempre ofereceu oficinas de arte a seus alunos. E, como acontece em toda Semana do Excepcional, vamos expor as peças, que são confeccionas inteiramente por alunos da Apae, utilizando materiais recicláveis disponibilizados pela empresa Novo Nordisk - diz.



Segundo a professora, o trabalho é voltado para os alunos incluídos no ensino regular, que fazem a oficina no contra turno escolar.



- A média de idade é de 14 a 21 anos e a atividade é uma forma lúdica de trabalhar com os alunos. Os alunos não conseguem necessariamente criar, mas, com um trabalho dirigido, todos eles participam da escolha do desenho e da confecção das mandalas. No total, são 10 alunos participantes da oficina, que funciona de forma rotativa. Cada um, com a sua habilidade e capacidade, contribui para o resultado final das mandalas - afirma.



O aluno Felipe Gonçalves Costa tem 18 anos e produz os desenhos das mandalas. Para ele, a oficina é uma ótima atividade.



- Estamos construindo essas mandalas para expor no sábado. Eu gosto muito de fazer parte das aulas e fico muito feliz com o resultado final. Todos os colegas ajudam e é muito bom estar em contato com os colegas. Gosto muito também de fazer os desenhos; as mandalas são muito bonitas, todas elas - diz.



Para Vanderlei Maria de Abreu, não existe uma mandala melhor que a outra. Todas são bonitas.



- Eu gosto muito de fazer parte das aulas e poder ajudar a confeccionar as mandalas. Com o apoio dos colegas e ajuda da professora, fica mais fácil e contribui para deixar as mandalas mais bonitas - finaliza.



Durante a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla, acontece também, hoje, conforme matéria publicada na edição de ontem de O NORTE, a realização do primeiro casamento de alunos da Apae, Fábio e Gracielle. Tanto o casamento dos alunos, quanto a exposição artística, demonstra o quanto essas pessoas, que possuem deficiência intelectual e múltipla, conseguem cada vez mais seu lugar de direito, na sociedade.



40 ANOS DE ASSISTÊNCIA A PESSOAS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E MÚLTIPLA



Muita luta, trabalho e acolhimento. Assim é a história dos 40 anos da Apae em Montes Claros. A associação busca a cada dia promover a valorização e das pessoas com deficiência. A Apae funciona nos turnos matutino e vespertino, atendendo 405 alunos portadores de deficiência mental e múltipla na faixa etária de 0 a 50 anos.



Na instituição, os alunos contam com completa infraestrutura, com médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, assistentes sociais, terapeuta ocupacional e dentista, além de professores extremamente capacitados, que dão aula para os ensinos fundamental e infantil e educação de jovens e adultos.



A associação oferece ainda diversas oficinas profissionalizantes nas áreas de culinária, artes plásticas, marcenaria e horticultura, voltadas para preparar o deficiente para atuar no mercado de trabalho.



Outro importante projeto desenvolvido pela Apae Montes Claros é o centro de convivência, que neste ano ganha nova sede, ampliando suas atividades. Criado em 2009, o projeto atende a 57 pessoas e se mantém totalmente com apoio da comunidade.

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