Antimofo companhia de teatro lança espetáculo em Minas

Jornal O Norte
Publicado em 14/10/2009 às 11:15.Atualizado em 15/11/2021 às 07:13.

A Companhia Antimofo é formada por artistas interessados no desenvolvimento da linguagem cênica no que ela representa de mais essencial: o experimentalismo. A função da Antimofo Companhia de Teatro é propor a construção de um pensamento teatral contemporâneo, com trabalhos originais, inventivos na linguagem e concentrados na investigação. É um território livre, gerado para o exercício da criação, da experimentação e da procura de soluções para a área das artes cênicas.



A Antimofo Companhia de Teatro é integrada por Mauro Júnior, Fernanda Borcsik e Paulo Bretas. A direção artística é de Mauro Júnior.



"As Horas Podres" é o segundo trabalho da Companhia. O primeiro é o Exercício Cênico "Um Prenúncio do Adeus", a partir do conto "Assez" de Samuel Beckett, em repertório.



De acordo com Mauro Junior a motivação de encenar o espetáculo "As Horas Podres" é o universo que o escritor e jornalista Jerônimo Teixeira cria em sua obra de estreia, a novela "As Horas Podres".



- Teixeira nos revela um mundo onde os valores, sempre cultivados de maneira demagoga e hipócrita, encontram-se nestes tempos pós-modernos deteriorados e falidos. Mais do que isso, o que nos chama a atenção é seu traço estilístico, a maneira como estrutura sua novela recheada de elipses de tempo e auto-ironia. O pessimismo, a acidez e a ironia fina presentes em sua obra refletem o desconforto da pós-modernidade, revela.



Ele ainda explica que Jerônimo Teixeira é um escritor contemporâneo, o que lhe rende a possibilidade de retratar em sua literatura o mundo atual, sem filtros, trazendo ao leitor/espectador a capacidade de rever suas próprias atitudes no presente.



- A aridez presente em sua literatura é um chamado para a realidade em que vivemos. Com um sofisticado sarcasmo, que beira o tom de denúncia, este escritor compõe personagens de caráter corrompido, niilistas, com um senso de justiça alterado e com visões diferentes de mundo que se chocam ao longo da história. O tempo se destaca enquanto motor da trama, com elipses e cortes rápidos, conduzindo a narrativa de maneira vertiginosa, crescente e intensa, prendendo nossa atenção do começo ao fim. É o enredo que comanda a narrativa, e não as criaturas que agem dentro dela, complementa.



A história se passa em uma sala escura que um tenso diálogo entre dois seres soturnos se desenrola. Um adolescente é acusado de assassinar a enfermeira - que cuidava de sua mãe tetraplégica - e o próprio pai. Todas as evidências apontam para ele, que acaba por assumir o assassinato e o parricídio. Assim, procura o tio, advogado, - irmão do morto - para contar a sua versão da história e tentar se justificar, confessando que não sente orgulho pelo que fez, mas que também não tem vergonha do crime. Conforme o diálogo entre ambos vai avançando noite adentro, conflitos, mentiras e segredos de família vão sendo revelados. Cheiro pútrido moral e atmosférico nauseantes, escuridão e cegueira cercam as personagens desta história.



Mauro explica que foi preciso coragem e poderia ter feito de mil maneiras,. A pretensão foi conceber uma encenação minimalista, árida, crua.



- Uma encenação que privilegiasse contornos sensoriais, de atmosferas sombrias, austeras, agressivas. Desde a primeira leitura do livro até a mais recente conversa que tive com o seu autor, a mesma sensação permaneceu, que o caminho escolhido e percorrido foi o mais acertado. A premissa era de neutralizar qualquer ideia que soasse excessiva para esta montagem. A conclusão, o resultado alcançado - espero - é de um espetáculo centrado na alquimia de um bom texto, no trabalho dos atores e de uma direção que norteia a qualidade da superposição/simultaneidade de signos para a materialização de conceitos, ideias e desejos do processo intelectual/artístico e da prática dos ensaios, finaliza.



O espetáculo fará pré-estreia na cidade de Corinto/MG, dias 17 e 18 de outubro, às 20h, na Casa da Cultura de Corinto. Em Divinópolis/MG, dia 04 de novembro, às 20h, no Teatro Municipal Usina do Gravatá. A estreia do espetáculo será em Ouro Preto /MG, dias 01 e 02 de dezembro, às 20h, no Teatro Ouro Preto do Centro de Artes e Convenções. Em todas as cidades a entrada será gratuita. (MT)

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