Michelle Tondineli


Repórter

Os gêmeos montes-clarenses Marcel e Diego Bonfim se mudaram para Belo Horizonte para fazer faculdade de Publicidade e Propaganda. Atualmente, já formaram e se preparam para lançar o primeiro album, após 11 anos de criação da banda Anonymous. Criada em 1999, a banda já teve várias formações durante os anos e hoje é uma dupla, com Marcel Bonfim da Silva Fernandes na bateria e Diego Bonfim da Silva Fernandes no vocal e guitarra, que convidam um músico acompanhante para fazer o baixo.

De acordo com Diego Bonfim, o nome da dupla tem uma história interessante, já que no começo não existia nenhuma idéia sobre qual nome seria.

- Alguns dias antes do nosso primeiro show, que seria no Colégio Imaculada Conceição, o produtor nos ligou pedindo o nome, com o objetivo de produzir o material para divulgação. Então dissemos que ainda não tínhamos nada em mente. Depois de muita conversa, o promotor do evento se cansou e disse que, como ainda não éramos conhecidos, não haveria problema em sair do anonimato com um nome que não fosse tão expressivo. Logo após o comentário, veio aquele estalo, pronto, iríamos ser Anonymous - afirma.

O guitarrista diz que foi uma ironia, que é um instrumento literário ou retórico que consiste em dizer o contrário daquilo que se pensa.

- Acaba que deixamos entender uma distância intencional entre aquilo que dizemos e aquilo que realmente pensamos, já sabíamos que o nome certamente iria provocar um certo sentido literal na cabeça das pessoas - diz.

Os irmãos ganharam dos pais, um ano antes do primeiro show, alguns instrumentos musicais, como bateria, guitarra, contra-baixo, microfones, caixas amplificadas.

- Não eram instrumentos profissionais, mas dava para fazer um som bacana. No princípio éramos só nós dois tocando no quintal de casa, alguns meses depois convidamos alguns colegas e amigos do antigo Sebrae e do Imaculada para fazerem um som com a gente, daí começamos a banda. Eram cinco integrantes. Com o passar do tempo, o Anonymous passou por várias modificações que por fim resultou na volta da formação primordial, somente nós dois, afirma.

Marcel Bonfim diz que o objetivo da banda era  tocar, se divertir e fazer muita bagunça.

- Fazíamos cover de tudo o que tocava nas rádios naquela época.Tocávamos no Max-Min, Usina, Calouradas, festinhas, colégios, feirinha na avenida e em outros eventos da cidade. Em 2002, começamos a elaborar algumas músicas próprias para participar de uns concursos, foi quando percebemos que tínhamos muito potencial. Vários amigos pediam para tocar as músicas e decoravam as letras - diz.

Marcel fala que quando passaram no vestibular para comunicação social em Belo Horizonte, em 2003, se deram conta de que deveriam mudar o foco.

- Com oito músicas e uma nova perspectiva, vendemos todo nosso equipamento. Nosso objetivo foi por muito tempo montar um estúdio de primeira. Hoje, tomando como ponto de partida a criatividade, a qualidade de produção, as ideias e muita diversão, o Anonymous quer alcançar o sucesso em âmbito nacional. Para nós, a música não é constituída apenas do aspecto sonoro, mas de todo um movimento estético-socio-cultural que integra não somente a sonoridade, mas também ideias, design, estetica, arte e filosofia. O Anonymous tenta representar isso tudo através das suas letras, sonoridade, comportamento, do jeito de vestir e de tocar. Nós criticamos, exaltamos e contamos histórias das quais quase todo mundo vive ou já viveu  e esperamos que a maioria das pessoas se identifiquem com elas - afirma.

Com mais de 15 músicas próprias, em breve, será lançado o primeiro EP, intitulado Todos jogam contra nós. Segundo os gêmeos, será gravado no Eme estúdio, situado na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, com dois produtores (Diogo M. e Tuta) que já assinaram trabalhos para grandes artistas, como Pitty, Strike, Glória, entre outros.

- O nome Todos Jogam Contra nós também é o título de uma música que fará parte do nosso primeiro álbum. A canção remonta fatos ocorridos em tempos de segundo grau no antigo colégio ETFG Sebrae. Marcel teve a sua matrícula barrada pela diretora do colégio.  Ela alegou que ele não tinha perfil adequado para terminar seus estudos, gerando impasses judiciais, que por fim resultou em vitóra jurídica para o integrante da banda - finaliza.

Outras informações sobre a banda podem ser obtidas através dos telefones (31) 9663-2544 e (31) 8547-2273.

INSPIRAÇÃO EM GRANDES ARTISTAS

De acordo com os gêmeos Marcel e Diego Bonfim, a grande inspiração para muitas músicas do primeiro álbum veio da teoria de Thomas Hobbes: -Na obra Leviatã, explanou: No estado natural, enquanto alguns homens podem ser mais fortes ou mais inteligentes do que outros, nenhum se ergue tão acima dos demais de forma a estar além do medo de que outro homem lhe possa fazer mal. Por isso, cada um de nós tem direito a tudo, e uma vez que todas as coisas são escassas, existe uma constante guerra de todos contra todos (Bellum omnia omnes).

No início, os gêmeos tinham a idéia de tocar punk rock, reggae e ska. Mas notaram que as influências são mais abrangentes.

- Buscamos misturar todos os gêneros de que gostamos.  O intuito é criar um estilo próprio, único, icônico, que fique mais a nossa cara. Tocamos em casas de shows em BH, e nós mesmos gerenciamos a produção artística e a direção executiva da banda. Muita gente acha que a formação acadêmica não é de grande importância para quem quer seguir carreira artística, mas, pelo contrário, achamos que para qualquer segmento é imprescindível ter um conhecimento bastante abrangente de preferência que seja com respaldo acadêmico – afirma Diego.

Marcel Bonfim diz que a opção por não ter empresário é pelo fato de poderem ter maior liberdade de criação, de organização e de investir na estrutura.

- O que nos torna de fato independentes é a nossa forma de gerenciar, alocando recursos, investimentos, comunicação e criatividade, assim excluindo na maioria das vezes trabalhos realizados por terceiros. Atualmente, estamos ensaiando em um estúdio particular em Belo Horizonte. Se fizéssemos cover, seria possível viver de música em Montes Claros. O caminho para quem faz música própria é muito árduo- afirma Marcel.

Diego Bonfim fala que o mercado de trabalho para músicos em Montes Claros sempre foi voltado para a música cover.

- Há muito tempo, existia pouco espaço para esse tipo de trabalho e quase nenhum incentivo para música própria. Eram poucas as pessoas que saíam do conservatório Lorenzo Fernandez e tocavam em lugares que não fossem o centro cultural e ou festas municipais como a do pequi. No entanto, hoje existe um boom de casas de entretenimento demandando mais e mais músicos que têm a oportunidade de fazer um circuito próprio por vários  estabelecimentos da cidade e região. Emergiram também coletivos e associações voltadas para a produção independente, dentre elas o Coletivo Retomada, o Coletivo Plug,  a Associação do rock de Montes Claros e região, e muitos outros que exercem um papel importante, promovendo e viabilizando a arte e a cultura norte-mineira - diz. 

Os irmãos acreditam que para melhorar este mercado na cidade deve haver um maior incentivo cultural, econômico e social por parte da iniciativa pública e privada da região.

- Esperamos que com nosso trabalho possamos agradar o maior número de pessoas em todo território nacional e consequentemente entrar para um casting de uma grande gravadora. Queremos que nosso EP Todos Jogam contra nós, que será lançado neste primeiro semestre de 2010, seja bastante tocado em todo o Brasil através da internet, rádios e programas de TV, assim consumando apresentações em vários estados como Minas, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Porto Alegre, Pernambuco, Bahia e outros – finaliza.

Os emails dos irmãos são: diegobonfim@gmail.com e marcelbonfim182@yahoo.com.br, e o site é www.anonymousrock.com.br.