No ano do Centenário da Semana de Arte Moderna, a artista plástica Luana Z fez uma releitura do famoso quadro Abapuru, de Tarsila do Amaral, uma das mais importantes pintoras brasileiras do movimento modernista. O trabalho faz referência ao Catopê.
Os célebres dias de 1922 foram marcados por intensa manifestação artístico-cultural e reuniu diversas apresentações de dança, música, recital de poesias, exposição de obras, pintura e escultura, além de uma série de palestras. Para Luana Z, uma grande contribuição para a arte na nossa contemporaneidade de todas as formas possíveis e inimagináveis.
“A arte moderna foi a primeira quebra do tradicionalismo na arte, a busca pela experimentação e liberdade de criação. Trouxe diversas expressões como, por exemplo, o cubismo, que está muito presente nas minhas obras”.
Luana Z conta que abatopê é uma releitura do Abapuru. “Nesta obra o personagem não apresenta a cabeça pequena e sim de estatura normal porque é um ser pensante, que questiona, mas que continua com as dificuldades”, explica.
As fitas e o cocá homenageiam aos catopês, marujos e caboclinhos de tradição, arte e cultura da região. “Ele observa o sol escaldante que parece não ter fim, muito característica da região norte-mineira, com pouca chuva, simbolizando a dura rotina do trabalhador”, conta.
O cacto faz uma referência à vegetação de regiões secas, mas que ainda assim insiste em florir.
“O pé grande é meu, sempre sofri bullying na escola por causa do meu pé também, o segundo dedinho torto parecendo uma seta para o lado, mas hoje me amo e me aceito da forma que sou, e isso está representado com o coração no pé. As linhas em branco onde ele está sentado representa o movimento de um personagem que não para e não desiste”, revela.
Os projetos no ateliê da artista não param. O que falta é tempo pra realizar todas as ideias que vão surgindo no dia a dia.
“Neste momento estou trabalhando em algumas releituras de obras consagradas para trazer mais proximidade do público com meu estilo preto e branco. Tenho também projetos relacionados a moda, joias e semi joias, além de peças de decoração mais acessíveis ao público”, conta.
Luana Z é artista plástica há mais de 20 anos, com influências da literatura de cordel. Desde pequena, faz desenhos e pinturas para a família e amigos. Tanto que alguns nem ela se lembra. O tempo passou e ela se dedicou a esta carreira que faz com tanto amor. Seu trabalho se destaca pela monocromia, onde o preto e traços mais retos e pontiagudos que representam mais certa agressividade, um sofrimento vivido, mas com certa leveza no branco e nos pontos arredondados de muita coisa boa, felicidades, conquistas, paz de quem conseguiu driblar certas dificuldades.
“Muitos detalhes do sertão, da seca, do que vi e ouvi, coisas do dia a dia, da fé que cresci vivenciando, da fé que construí em mim. Vivências que se tornaram inspirações”, conta.
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