A premiada Amelina Chaves conta e encanta em versos e trovas

Escritora e poetisa lança em agosto um novo romance e faz relançamento do livro “Os olhos da Noite” neste sábado, 08, em Várzea da Palma

Jornal O Norte
Publicado em 07/04/2017 às 09:42.Atualizado em 15/11/2021 às 14:58.

Por Adriana Queiroz

Não é a primeira vez que a escritora Amelina Chaves, 86 anos, abre as portas de sua residência na Rua São Francisco, no bairro Morrinhos, para nos conceder uma entrevista. Gentil, educada, amorosa, nos recebe com muita alegria. Enquanto conversávamos, fomos interrompidas por alguém que toca a campainha e pede licença para entregar uma folha. Era o poeta montes-clarense Randall Sebastian (não é pseudônimo não) que distribui de porta em porta seus versos.

Saudamos o poeta Randall que nos entregou esse presente:

“... Pensei em ti. Em ir. Em vir. Em sair. Em fugir. Em remir. Em estar aqui. Juntinho de ti. Para, com intuito, te ver sorrir. E assim, durmo num turno noturno em Saturno...”

De volta à sala com Amelina, ela nos fala de seu novo romance “Retrato do Prazer”, que será lançado em agosto, ano que a escritora celebra seus 86 anos.

Amelina escreveu 23 livros, entre eles “Diário de Um Marginal”, escrito em 1978, onde fala não apenas do mundo do crime, e sim, de vários aspectos da marginalização do ser humano.  

Ela nasceu numa pequena vila chamada Sapé, depois Burarama e hoje, Capitão Éneas.  Vizinho dos municípios de Mirabela, Francisco Sá e Montes Claros, Capitão Enéas se situa a 29 km a Norte-Oeste de Francisco Sá.

É filha da professora Antônia Fernandes da Silva, que exerceu por 35 anos a profissão, e o pai, Antônio Clementino da Silva, foi ferroviário, conhecido como Antônio Soldado, um homem respeitado, ex-militar, apaixonado pelas festas folclóricas daquela época.

- Meu pai fazia o bumba-meu-boi. Não havia TV naquela época, anos 40, tudo era muito simples, as festas com os cantadores naquela vila. Havia muita fartura também. Minha mãe era a única que escrevia cartas, lia as bulas de remédios. Era comum às pessoas irem a nossa casa para que ela pudesse ler algo. Isso me lembra o filme “Central do Brasil”, com Fernanda Montenegro, onde ela vive o personagem da mulher que trabalha na estação Central do Brasil escrevendo cartas para as pessoas - diz Amelina.

Emocionada Amelina fala com alegria da chegada da rede ferroviária em Sapé, graças a um homem determinado e influente, que ajudou a traçar o destino do norte de Minas. Foi Capitão Enéas que montou a Fazenda Burarama e começou a desenvolver atividades agropecuárias e industriais. O lugarejo cresceu rápido, foram construídas casas, capelas, e até um cinema, além de armazéns, bares. Tinha ainda o Hotel Burarama, farmácias e lojas.

- Foi uma festa, uma novidade para os moradores. Capitão Enéas, um grande desbravador, um homem popular, que gerou muitos empregos na região - diz.

Amelina casou-se aos 16 anos com Almir Rodrigues Chaves, chefe do setor de segurança da Central do Brasil em Montes Claros. Aos 20, veio morar em Montes Claros. É mãe de 15 filhos, oito mulheres e sete homens.

- Almir veio de Diamantina-MG, um intelectual, companheiro de todas as horas. Nossos filhos, nossa grande fortuna. Há muito respeito. Sou pela arte. Tudo pela vocação. Escrevo além do que sei. A gente nasce para aquilo e pronto. Eles sabem disso. Não me preocupo com dinheiro – enfatiza Amelina, como quem abre o peito para dizer com orgulho da família e da vocação.

Vencedora de vários concursos, a escritora diz que se sente feliz pelos prêmios e homenagens recebidas Tem uma agenda intensa e é sempre convidada para visitar as escolas do município e da região. No próximo sábado, por exemplo, ela segue em frente atendendo convite feito pela Academia de Letras de Várzea da Palma e São Francisco, no norte de Minas, para o relançamento do livro “Os Olhos da Noite”, sexto trabalho da escritora.

- É uma alegria que tenho todos esses prêmios que recebi, especialmente com “A Lenda do Arco Iris”, e “Mimi, a boneca de Pano”, do Concultura - Conselho Municipal de Cultura de Montes Claros, um importante projeto de iniciativa do então prefeito Ruy Muniz - conta.

Para Amelina Chaves, Montes Claros continua sendo “a cidade da arte e da cultura”.

- Gostaria muito de que houvesse mais união das academias e dos artistas em geral.

Ah... Com relação às críticas, ela diz que não se importa com elas...




Amelina Chaves, defensora das raízes culturais. Sua obra tem uma grande veia interiorana,


de cunho humanista, já que também é uma abnegada defensora das minorias

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