Michelle Tondineli
Repórter
Era comum assistirmos às festividades das Festas de agosto e vermos os homens representando os catopês, marujos e caboclinhos. Hoje, é diferente. As mulheres deixaram de ficar apenas olhando e auxiliando. Agora, participam ativamente da festividade.
O Congado de Montes Claros é representado pelos grupos de Catopês, Marujos e Caboclinhos. São algumas características essenciais do Caboclinho: a dança guerreira, o cunho religioso propiciatório de boa colheita ou caçada, a recitação de versos heróico-nativistas etc. As tribos de Caboclinho se apresentam com rei (cacique), rainha (cacica), capitão, tenente, guia, contra-guia, perós ou indiozinhos, porta-estandartes, caboclinhos, caboclinhas, pajé, caboclinhos caçadores, princesas e curandeiro.
Débora e Minervina representam
as mulheres nos Catopês.
Sempre vestidos de tangas e cocar de penas de aves, os caboclinhos usam ainda uma variedade de adereços, tais como: pulseiras, braçadeiras em pena (caboclos), colares de contas e sementes (no pescoço), pequenas cabaças (na cintura), flechas grandes (para moças) preacas, que consistem em arcos com flechas retesadas, presas, que puxadas, produzem um estalido seco, marcando o ritmo. De acordo com a Cacica do grupo de Caboclinhos de Montes Claros, Maria de Socorro Domingues, o grupo tem hoje cerca de 30 pessoas ativas.
- Eu venho brincando desde os oito anos. Hoje, tenho 32 anos e estou comandando o grupo. Vivemos em família. Depois que meu pai morreu, eu assumi e estamos continuando, levando o grupo para frente. Não queremos perder o que temos. Antigamente era só homem que compunha o grupo, hoje, as coisas são diferentes. Os homens não querem usar saias e as mulheres assumiram -, revela.
A dança dos Catopês, tradição de origem africana foi incorporada para a cultura da região. São homens, em sua maioria negros, que dançam, cantam, se expressam, tecendo os fios de uma identidade coletivamente construída. Os Catopês antes eram formados somente por homens. Nos dias atuais, encontramos o terno de José Expedito formado por mulheres. Há seis anos Minervina Aparecida Nobre tem realizado um trabalho com os Catopés.
- É muito bom e gratificante participar da cultura da nossa região. E destacar as mulheres nas festividades, que sempre existiram, mas acabaram ficando esquecidas. Graças a Deus estamos voltando aos poucos a desenvolver um papel juntamente com os homens. Nós mulheres sempre tivemos um papel importante. Antes ajudávamos a organizar o cortejo, meio despercebidas e hoje fazemos parte, o que foi uma grande mudança e melhora para nós - comemora.
A jovem Débora Gonçalves Borborema está no segundo ano de cortejo, seguindo os passos da família.
– As festividades são importantíssimas, fazem parte da nossa cultura, é uma grande valorização. Teve uma época que quase se perdeu as tradições, mas agora os pesquisadores e a mídia ajudam nesse reconhecimento. O papel da mulher nas festividades e nos grupos folclóricos sempre foi importante. O terno de Jose Expedito é formado somente por mulheres, com cerca de 10. Nosso papel é valorizar a sonoridade do cortejo, deixando o trabalho rico. Nós também procuramos levar a família junto conosco. Em nosso grupo tem avós, mães, filhas, netas, sobrinhas, tias. É uma coisa bem de família, garantindo a continuidade do grupo e da cultura da região-, explica.
Os cortejos das Festas de agosto vão até o dia 22. Outras informações (38) 3229–3456.
