Projeto Aliança Terceira Margem realiza Roda de Palhaços em Montes Claros. A dinâmica começa nesta sexta-feira e vai até domingo
Jerúsia Arruda
Repórter
jerusia@onorte.net
Hoje tem espetáculo? Tem Sinhô!
Essa é umas das expressões mais marcantes da infância de qualquer pessoa que tenha ido pelo menos uma vez ao circo quando criança.
Na noite desta sexta-feira, o grupo Aliança Terceira Margem promove em Montes Claros a dinâmica Roda de Palhaços, criando uma oportunidade de resgate da lembrança lúdica do bom e velho palhaço da infância, e novas experimentações para os amantes das artes cênicas.
A dinâmica faz parte da Caravana Cultural Coca-Cola, que chega à cidade trazendo na bagagem uma série de atividades sócio-culturais e ações educativas, promovendo um momento de interação entre crianças, jovens e adultos, além de ampliar as possibilidades de expressão, inclusão social e criatividade.
Cícero Silva, um dos coordenadores da Roda de Palhaços diz que em todas as cidades mineiras por onde a Caravana passou, o público tem respondido ao chamado.
- Estamos vindo de Governador Valadares.Antes estivemos em Juiz de Fora e Divinópolis e em todas estas cidades as oficinas tiveram ampla participação. Em Montes Claros oferecemos 50 vagas e todas já foram preenchidas – conta o ator, que atua desde 1978, e desde 2005 como palhaço, com o codinome Palhaço Titetê.
O ator Cícero Silva, como Palhaço Titetê
(foto: Josemar Lucas)
A arte do palhaço envolve tradição, expressão e arte, criando uma relação direta entre ator público e por muito tempo foi a grande vedete das artes cênicas, desde os grandes e luxuosos picadeiros até os grupos mambembes, companhias itinerantes que percorriam – e ainda percorrem –cidades do interior do país.
- O palhaço é uma máscara muito poderosa, presente nas sociedades de todo mundo, em todas as épocas da história e faz parte do imaginário da memória coletiva. Sua figura remete à memória afetiva do passado de forma revigorante, representa um universo poético que quebra resistência, por isso sempre atraiu tanto o público. Atualmente vivemos um momento de retomada e desdobramento da arte do palhaço e isso tem sido um desafio para o ator – diz.
Segundo Cícero, a arte do palhaço é uma das linhas de trabalho do ator em seu estado dilatado de pureza e ridículo.
- Quando estou de Titetê me inspiro em meu ridículo pessoal para fazer o público rir. Como palhaço tenho que espelhar a fragilidade, a imperfeição, a perplexidade humana diante da vida e para isso é preciso auto-conhecimento. Na Roda de Palhaço trabalhamos exatamente essa consciência, através de dinâmicas, jogos e exercícios corporais, da exploração de recursos pessoais para a criação da cena de forma a despertar esse estado de vulnerabilidade próprio do palhaço – explica Cícero.
O projeto Aliança Terceira Margem começou em 2003 com a proposta de criar um espaço de pesquisa, criação e promoção das artes cênicas como um todo.Para isso formou uma rede de artistas e grupos de teatro.
- Quando chegamos em uma cidade, montamos nosso “escritório” ao lado de um orelhão, de um banco da praça e iniciamos nosso trabalho. Por muito tempo trabalhamos à base da “cultura do chapéu”, com o público colaborando ao final da apresentação. Hoje o projeto é subsidiado pela Lei Estadual de Incentivo à Cultura e patrocínio exclusivo da Coca-cola – comemora o ator, que também faz parte do núcleo gestor do grupo.
A Roda de Palhaços acontece nesta sexta-feira, às 19h, durante todo dia de sábado e na manhã de domingo. Participam da dinâmica os atores Juliana Pautila, Mariana Rabelo, Rafael Marques, Diogo Dias, Cristiano Pena e Tiago Araújo.
CARAVANA CULTURAL
Além da Roda de Palhaços, a Caravana Cultura também traz os projetos Colcha de Retalhos, que estimula a autopercepção, com registro em desenho do histórico de cada participante; Ciranda da Palavra, que promove a construção de um caminho de inclusão sócio-cultural, tendo como foco a palavra falada, cantada e escrita, além das representações visuais, plásticas, cênicas e literárias; Projeto Mural, que trabalha a percepção sensorial de maneira lúdica e relaxante, estimulando a expressão corporal dos participantes e a oficina Caça Contos: Histórias e Paisagens Sonoras, com a adaptação de contos literários para a linguagem teatral, coordenada pela Organização Caça Contos.
O grupo também apresenta o espetáculo teatral infantil Caça Contos, com adaptação de contos literários para a linguagem teatral.
A peça conta a trajetória de quatro agentes da OCC - Organização Caça Contos, uma agência secreta que luta pela preservação e propagação de contos e histórias perdidas.O espetáculo é realizado há três anos com apresentações em escolas públicas, centros de saúde, comunidades carentes e centros culturais, sempre associando o teatro à educação, com o objetivo de resgatar o elo entre as crianças e o interesse pela leitura e pela construção de uma visão crítica e criativa do seu universo.
A caravana cultural finaliza o circuito em Belo Horizonte, de 24 a 27 de maio.