Durma bem

Especialistas estão preocupados com casos de apneia obstrutiva do sono em adultos

Larissa Durães
larissa.duraes@funorte.edu.br
Publicado em 19/03/2024 às 19:00.
Para a docente da Funorte, Roseane Caldeira, “roncar é apenas a ponto do iceberg mostrando que algo está errado” (Freepik)

Para a docente da Funorte, Roseane Caldeira, “roncar é apenas a ponto do iceberg mostrando que algo está errado” (Freepik)

Recentemente, a importância do sono foi enfatizada devido às iniciativas da Semana Nacional do Sono. A qualidade do sono é essencial para a saúde e o bem-estar, sendo considerada um componente fundamental de uma vida equilibrada. No entanto, vários distúrbios podem afetar essa função fisiológica crucial, incluindo a insônia e os distúrbios respiratórios do sono, com a apneia do sono sendo o mais comum entre eles.

Conforme estudos publicados na Revista Sleep Medicine de 2010 e 2014 (novas pesquisas estão em andamento), a prevalência da apneia obstrutiva do sono em adultos varia entre 25% e 46%, destacando uma questão de saúde pública de grande relevância. “Esses distúrbios não afetam apenas o período de descanso, mas também têm impactos negativos durante o dia, afetando a capacidade de concentração no trabalho, participação em atividades sociais e até mesmo a segurança ao dirigir”, comenta a docente do Centro Universitário Funorte e fisioterapeuta cardiopulmonar e do sono, Roseane Caldeira.

“Roncar é apenas a ponto do iceberg mostrando que algo está errado. O ronco pode estar presente tanto em pessoas com apneia do sono quanto naquelas sem a condição. Por isso, é importante investigar e avaliar casos de ronco frequente e alto por meio de uma polissonografia. Esse exame identifica se há apneias (pausas na respiração) ou hipopneias (redução do fluxo de ar), sendo que quanto maior o tempo de apneia, mais grave é a condição”, avisa a especialista.

Segundo Roseane, distúrbios do sono têm causas variadas e frequentemente estão ligados a outras condições médicas. “Estudos mostram que a falta de aptidão cardiorrespiratória, significa que a pessoa tem dificuldade em realizar um exercício físico com duração mais prolongada e isso reflete na parte do sistema respiratório, sistema cardiovascular e músculo esquelético e a redução de exercício físico estão relacionadas ao aumento da apneia do sono”. 

A profissional destaca a importância de os pacientes compreenderem os distúrbios do sono e adotarem hábitos saudáveis antes do tratamento, enquanto ressalta o papel crucial do fisioterapeuta do sono na avaliação e implementação do tratamento, com o CEPAP que é uma sigla inglês, que significa Pressão Positiva Contínua na Via Aérea, sendo o padrão ouro para a apneia do sono. “Terapias adicionais, como exercícios respiratórios e uso de placa intraoral, podem ser combinadas para otimizar os resultados. Investir na qualidade do sono é fundamental para a saúde e o bem-estar a longo prazo”, declara Rose.
 
INCÔMODO
O ronco sempre foi um problema na vida da professora aposentada, Sueli Dias Oliveira chegando ao ponto de incomodar tanto sua família quanto a si mesma. “Já estava incomodando meu esposo, minha filha e eu. Aí eu fui no médico, ela me pediu o exame, polisonografia. Eu fiz e minha apneia estava altíssima. E aí passei a usar o CEPAP. Nossa, uma bênção. Muito bom. Meu marido, nos primeiros dias até achava que eu estava morta, porque parei de roncar”, conta aliviada. 

Roseane informa que pacientes com doenças neuromusculares têm direito a tratamentos específicos, embora nem sempre seja possível acessá-los pelo SUS devido a limitações de recursos e critérios de acesso. O tratamento particular é comum, mas os altos custos dos equipamentos, como os CEPAPs, podem ser um desafio financeiro, explica a fisioterapeuta. “O acesso aos equipamentos pelo SUS é limitado, exceto em casos específicos, como a esclerose lateral amiotrófica, onde há maior chance de assistência. No entanto, mesmo nessas situações, nem todos os pacientes conseguem acesso ao tratamento através da prefeitura”, informa.

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