Trecho Sete Lagoas-Moc é dos mais críticos de Minas

Jornal O Norte
19/07/2005 às 16:21.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:48

O volume de acidentes com produtos perigosos em rodovias mineiras aumentou 110% nos cinco primeiros meses deste ano em relação a igual período de 2004. Só neste ano foram mais de 250 ocorrências registradas envolvendo veículos por causa de transporte irregular e falta de manutenção nos veículos que transportavam algum tipo de produto perigoso, parte delas em função do transporte irregular e da falta de manutenção nos veículos. O estado crítico da maior malha viária do estado é também apontado como fator preponderante para o aumento das estatísticas. Os números são da PRF - Polícia rodoviária federal, que promete apertar o cerco a essa modalidade de transporte, com rigor ainda maior na fiscalização.

PESTICIDA

Além de colocar em risco a vida de quem trafega nas estradas, acidentes dessa natureza podem comprometer seriamente a rotina e, principalmente, a saúde da população de cidades inteiras, segundo avalia o chefe da seção de policiamento da PRF, Waltair Vasconcelos, lembrando acidente recente com um caminhão carregado de pesticida, na altura do km 221 da BR 116, limites do município de Catuji, a 55 quilômetros de Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri. Naquele acidente, ocorrido em meados de abril, parte da carga derramou no Rio Pretinho, que abastece centenas de famílias, provocando a mortandade de peixes em larga escala. Moradores chegaram a saquear várias caixas do produto, altamente tóxico, e tiveram reações como náuseas, dor de cabeça e coceiras pelo corpo. Em geral, é difícil identificar o tipo de produto transportado. Mas, ao verificar qualquer acidente com esse tipo de carga, o conselho é se manter o mais distante possível e comunicar às autoridades competentes. Por vezes, apenas a inalação de gases pode acarre


tar problemas para o resto da vida, conforme alerta Waltair.

FISCALIZAÇÃO RIGOROSA

Para evitar que estragos como os que ocorreram em Catuji se repitam seguidamente, segundo ele, a ordem é promover fiscalização ainda mais rigorosa.

- Vamos fechar o cerco a esse tipo de transporte, cujos acidentes afetam a vida de todos e, na maioria das vezes, provocam estragos irreversíveis. O aperto na fiscalização é a ordem do dia - garante.

Waltair revela ainda que os acidentes mais freqüentes ocorrem com carregamentos de carvão, combustível automotor, gás combustível, tinta e etanol (álcool etílico). Entre os registrados neste ano, 53% envolveram carregamentos de carvão vegetal, 6,6% de combustível automotor e 5,6% de gás combustível. As cargas de carvão vegetal são as que mais preocupam a PRF. São cargas que respondem pelo maior volume de produto transportado e, além da produção local, muitos carregamentos de várias partes do país passam pela malha mineira em direção a outros estados, afirma Waltair, alertando tratar-se de um produto com alto poder de combustão. Qualquer faísca, por menor que seja, como uma pequena fagulha, pode se transformar num grande incêndio. Um acidente próximo a alguma refinaria, por exemplo, provocaria uma grande tragédia.

TRECHOS CRÍTICOS

Segundo o policial rodoviário federal Matheus Horta, entre os trechos mais críticos da malha rodoviária mineira destacam-se o que liga Sete Lagoas a Curvelo e Paracatu, na BR 040; a ligação entre Juatuba e Pará de Minas, até João Molevade, na BR 262; entre Betim e Pouso Alegre; na BR 381; Sete Lagoas a Montes Claros, na BR 135; Patos de Minas a Três Marias, Pirapora e João Pinheiro, na BR 365; e na BR 116 (Rio-Bahia), o trecho compreendido entre Leopoldina, Além Paraíba, Teófilo Otoni e Muriaé. Além da má conservação da pista e de sinalização precária, fatores como excesso de peso, má conservação do veículo e imprudência dos condutores contribuem para que acidentes com cargas perigosas continuem ocorrendo, diz Matheus.

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