A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira (21) a 10ª fase da Operação Acrônimo. Policiais cumpriram quatro mandados de busca e apreensão nas cidades de Belo Horizonte e Rio de Janeiro. As ações foram autorizadas pelo Superior Tribunal de Justiça, que também determinou o sigilo das investigações. Entre os alvos estão o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Setra-BH) e a construtora Egesa, ambos na capital mineira.
A Operação Acrônimo foi instaurada para investigar esquemas ilegais que teriam beneficiado a campanha eleitoral de Fernando Pimentel (PT) em 2014, quando ele se elegeu governador de Minas Gerais.
VANTAGENS ILEGAIS
Segundo a PF, Pimentel é suspeito de cobrar vantagens ilegais de empresas durante o período em que comandou o ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, entre 2011 e 2014. Em troca, essas empresas seriam incluídas em políticas públicas ou conseguiriam obter empréstimos do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social, que era vinculado à pasta.
DELAÇÕES
A 10ª fase das investigações foi motivada por depoimentos prestados pela publicitária Danielle Fonteles, dona da agência de comunicação Pepper Interativa, que estaria vinculada aos esquemas. Segundo a PF, em delação premiada, Danielle deu detalhes de uma movimentação de R$ 1,5 milhão em caixa dois em favor de Fernando Pimentel.
O advogado Eugênio Paccelli, responsável pela defesa de Fernando Pimentel, divulgou nota classificando a delação premiada de Danielle Fonteles de “difamação premiada”.
- Lamentamos que tão importante instrumento processual seja realizado ao arrepio da lei, desprovido de qualquer prova idônea, e limitado a declarações que sabidamente jamais serão comprovadas - registra a defesa.
Em outras fases, a Operação Acrônimo investigou esquemas que seriam operados pelo empresário Benedito de Oliveira Neto, o Bené. Preso em abril, ele também fechou acordo de delação premiada, relatando que a montadora Caoa pagou mais de R$10 milhões para ser beneficiada no âmbito do Programa Inovar Auto, que tinha por objetivo dar incentivos fiscais a indústrias do setor automotivo. Ele também afirmou que as construtoras Odebrecht e JHSF repassaram propina em troca de empréstimos do BNDES para realização de obras.