Polícia apura rede de tráfico de bebês

Presa semana passada, jovem de Três Corações diz que teve medo de “doar” o filho para suposta quadrilha

Malú Damázio
Hoje em Dia - Belo Horizonte
13/03/2018 às 06:19.
Atualizado em 03/11/2021 às 01:50
 (Malu Damazio)

(Malu Damazio)

A Polícia Civil de Minas Gerais investiga possível rede de tráfico internacional de crianças. O caso foi aberto semana passada, após denúncia de acordo para suposta doação de um bebê. Natural de Coração de Jesus, no Norte de Minas, a mãe, uma jovem de 24 anos, foi detida com outras quatro pessoas – dois casais do Rio de Janeiro – em Contagem, na Grande BH, logo após desistir da transação. 

Foi a jovem quem acionou a polícia. A denúncia revelou aos policiais a existência de uma série de grupos em redes sociais, como WhatsApp e Facebook, pelos quais as pessoas negociam abertamente valores para a venda de recém-nascidos. 

“Quando ele veio para mamar e eu comecei a imaginar como seria a vida da minha criança com pessoas que nem conheço, o aniversário dele...senti amor de mãe”, disse a jovem (que pagou fiança e foi solta ontem), ao justificar a desistência da suposta doação. “Quando a vi (a suspeita) no hospital, fiquei com medo e decidi voltar atrás”, emendou a mulher, que já tem um filho de 4 anos.

Por causa da gestação – indesejada, segundo ela – e sem o apoio do pai da criança, a jovem mudou-se para a capital há três meses a fim de esconder a gravidez da família. Pela web, começou a procurar alguém que quisesse ficar com a criança. 

Assim conheceu a principal suspeita, uma carioca de 32 anos, que alega ter se disponibilizado a pegar a criança para adoção. Ao saber que a mãe estava em trabalho de parto, ela saiu do Rio e veio até Minas com o marido, de 62 anos, e um casal que, segundo a polícia, ficaria com o bebê, se fosse menino. A mulher e o marido vieram de carro, em viagem custeada pela interlocutora. Os suspeitos alegam que a tentativa de furar a fila da adoção foi o único crime cometido. 

Segundo o delegado da Polícia Civil de Contagem, Christiano Xavier, nas redes sociais há, inclusive, pessoas de fora do país, como da Itália e dos Estados Unidos. “Nós trabalhamos com essa hipótese porque há conversas em que uma mulher, que é barriga de aluguel, pede R$ 30 mil. Em outra, uma mãe oferece a criança por R$ 10 mil”, diz. 

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