Perigo à espreita

Casos de dengue em Montes Claros demandam esforços contínuos

Márcia Vieira
marciavieirayellow@yahoo.com.br
Publicado em 21/03/2024 às 20:34.
 (Arquivo pessoal)

(Arquivo pessoal)

Minas Gerais registra mais de 500 mil casos prováveis de dengue, sendo considerada pela Secretaria de Estado da Saúde como a pior epidemia da história no Estado.

No último sábado (16), o empresário Aprígio Lima veio a óbito em Montes Claros após uma semana com sintomas de dengue. Seu filho, Rodrigo Lima, afirma que, embora a certidão de óbito não mencione a dengue como causa mortis, mas sim uma pneumonia, ele não tem dúvidas de que o pai sucumbiu à doença. Rodrigo mostra o teste feito pelo pai, que confirmou a presença da dengue, e relata que ele apresentava plaquetas baixas, febre intermitente e dor nas costas. Foi medicado e, na madrugada de sexta para sábado, teve um desmaio em casa. Imediatamente socorrido e internado no hospital, na noite do mesmo dia, já com oxigênio e pressão baixa, não resistiu. O filho desabafou: “ A dengue venceu! Perdi meu pai para a dengue! E agora, o que fazer com o dono do foco de dengue?”. 

O foco ao qual Rodrigo se refere estaria nas imediações da residência, no centro da cidade. Porém, não é o único local. Moradores de diversas regiões vêm denunciando diariamente o acúmulo de lixo e mato alto por toda a cidade. Na divisa dos Bairros Todos os Santos e Vila Brasília, um amontoado de lotes, todos com muito mato, lixo e caixas d’água, tira o sono dos moradores.

“Está terrível, é um mato absurdo, vai crescendo e passando para outros ao redor. Várias pessoas aqui tiveram dengue, inclusive os pedreiros que trabalham em uma construção na rua. Já fizemos denúncia no aplicativo da Secretaria de Serviços Urbanos. Estiveram aqui e colocaram a caixa d’água mais para o meio do lote, o que não resolve o problema “, afirma P.S., vizinho da região. Segundo ele, os lotes pertencem à família do prefeito Humberto Souto, que também reside nas imediações. Para P., a solução seria apertar o cerco e penalizar os proprietários. “Os lotes servem à especulação imobiliária. Os proprietários não se importam e a prefeitura é cúmplice, pois não exige deles a limpeza permanente”, diz. 

Sobre a condução da investigação do óbito ocorrido no município, Agna Menezes, Coordenadora do Núcleo de Vigilância Epidemiológica da Superintendência Regional de Saúde, explica que, com base no rumor de mídia, a SRS solicitou do município os dados iniciais para incluir na investigação, uma vez que no documento de óbito não foi colocada a informação. 
 
PROTOCOLO 
Até o momento, o Norte de Minas contabiliza 24 óbitos suspeitos notificados. Desses, dois foram confirmados em Bocaiúva, dois foram descartados (um em Bocaiúva e outro em São João do Paraíso) e 20 permanecem em investigação. Só o teste feito no município não é considerado suficiente para o diagnóstico. O sistema consiste em uma espécie de triagem e busca do registro de sangue no hospital em que o paciente esteve internado. A partir daí é encaminhado para o laboratório da Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Belo Horizonte, onde é feita a confirmação. Outra alternativa, de acordo com a norma técnica, é o encerramento do caso por critério clínico epidemiológico, quando é levado em conta o teste rápido positivo, a área epidêmica e os sintomas compatíveis. 

Para Agna, a população tem que se conscientizar do papel importante de cada um nesse momento. Além das ações do poder público, ela afirma que nesse momento é imprescindível que a população entenda o seu papel e elimine os focos que estão dentro dos domicílios.

“Nós estamos vivendo uma epidemia que nunca tivemos antes com relação à dengue. E se cada um não tiver o cuidado de eliminar os focos dentro de sua casa, no seu quintal, não adianta todas as ações do poder público que não serão efetivas”, diz Agna, que também não escapou de ser atingida pelo Aedes aegypti e está saindo de um grave quadro de dengue, que a deixou internada durante uma semana. Ela revela que está viva graças a vontade de Deus e aos médicos do Hospital das Clinicas Mário Ribeiro da Silveira (HCMR), que prestaram assistência e fizeram tudo que era possível. Os sintomas começaram numa sexta-feira e estavam controlados devido ao uso de dipirona. 

A reportagem procurou o vice-prefeito Guilherme Guimarães para comentar sobre as denúncias recebidas e possíveis medidas emergenciais, no entanto, até o fechamento desta edição, não obtivemos resposta.

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