No Dia Nacional da doação de órgãos, Montes Claros pede mais doadores

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Jornal O Norte
27/09/2016 às 07:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 16:13

Janaina Gonçalves
Repórter


Doar órgãos é doar vidas. No dia dedicado para esta reflexão, hoje, 27 de setembro, o ministério da Saúde, junto com a Comissão Intrahospitalar de Doação de Órgão e Tecidos para Transplantes de Montes Claros fazem um apelo para que mais pessoas se sensibilizem para este ato de amor e solidariedade.


De acordo com a enfermeira Simone Rosado, da Comissão Intrahospitalar, um doador de órgãos e tecidos pode beneficiar até cinco pessoas em Montes Claros.


- Dois rins, um fígado e duas córneas de um paciente que veio a óbito, por exemplo, podem fazer a diferença na qualidade de vida de alguém que luta contra o tempo na fila de espera por um transplante - explica.


RESISTÊNCIA
Para a comissão, o maior desafio para tornar a doação uma realidade tem sido a aceitação familiar.


- Cerca de 70% dos casos, as potenciais doações acabam não ocorrendo pela resistência dos parentes devido ao pânico diante da situação da morte cerebral ou da morte do ente querido. A questão cultural também impede a doação - frisa.


Além disso, segundo a enfermeira, esta resistência ocorre pelo desconhecimento da população sobre a morte encefálica e sobre a integridade do corpo após a doação.


- Como a doação só ocorre com a autorização de um familiar de até segundo grau, de acordo com a legislação brasileira, precisamos difundir esse tema, tirar dúvidas, mitos e preconceitos e saber que esse ato pode salvar muitas vidas.


TRANSPLANTE
A equipe de captação de órgãos tem o papel de conversar com as famílias e sensibilizá-las sobre a doação, mas é a pessoa que deve manifestar à família, o seu desejo de ser um doador para que assim o transplante ocorra. Além disso, é necessária a assinatura do termo de autorização para que a central encaminhe o órgão para um receptor compatível, obedecendo à ordem da lista única de possíveis receptores.


- Vale salientar que o corpo do doador não fica mutilado e que a idade não determina se alguém pode ou não ser um doador. Após a captação dos órgãos, o corpo é entregue para família para ser velado e sepultado – acrescenta Simone Rosado.


O MG Transplantes tem Centrais de Notificação Captação e Distribuição de órgãos – nas regiões Sul (Pouso Alegre), Leste (Governador Valadares), Nordeste (Montes Claros), Zona da Mata (Juiz de Fora), Oeste (Uberlândia), Região Metropolitana (Belo Horizonte).


Montes Claros tem uma característica especial: possui o único serviço especializado na procura e captação de órgãos e tecidos humanos para transplante em toda a região norte e nordeste do estado de Minas Gerais. O serviço abrange cerca de 90 municípios e engloba 20 unidades hospitalares.


- Dentre as cidades atendidas, além de Montes Claros, estão Brasília de Minas, São Francisco, Coração de Jesus, Francisco Sá, Janaúba, Monte Azul, Manga, Bocaiúva, Pirapora, Salinas, Taiobeiras, Diamantina, Minas Novas, Turmalina e Capelinha, com cobertura populacional de 1.198.304 habitantes.


ESPERA
Mas quem precisa de um transplante está esperando na fila, que é extensa. De acordo com o Sistema Nacional de Transplantes, só na região que Montes Claros atende, 271pessoas aguardam pelos transplantes de rins, outros dois pela doação de córnea e de fígado. No estado de Minas mais de três mil pacientes aguardam por um órgão.


Salvador Rodrigues Abreu, de 69 anos, de Pedras de Maria da Cruz, vem a Montes Claros três vezes por semana para fazer hemodiálise. O aposentado está em tratamento desde 2006. Em 2001 conseguiu um transplante de rim, mas houve reação ao órgão e ele teve que retirá-lo.


- Eu decidi voltar para fila desde então, até tive a oportunidade de fazer um novo procedimento cirúrgico, mas fiquei com medo. Por enquanto faço só a hemodiálise para que mais na frente realize um novo transplante - conta.


A previsão do ministério da Saúde para este ano é de uma queda de pouco mais de 200 procedimentos, mas esse número ainda pode mudar dependendo das doações no segundo semestre. A lista de espera vinha caindo desde 2010, mas também aumentou. Segundo a previsão do ministério da Saúde, mais de mil pessoas entraram na fila em todo o país. Infelizmente, só no ano passado, duas mil pessoas morreram sem conseguir um transplante.

 

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