Governo realiza pesquisa pioneira no setor de medicamentos fitoterápicos do país

Planta rica em propriedades medicinais gera benefícios ecológicos, econômicos e sociais

Da redação
Hoje em Dia - Belo Horizonte
06/07/2017 às 13:23.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:25
 (Divulgação/Utramig)

(Divulgação/Utramig)

Importantes propriedades terapêuticas da fava d’anta, espécie recorrente da flora em regiões áridas do Norte do estado, levaram o Governo de Minas Gerais a investir em uma pesquisa pioneira, realizada por meio da meio da Utramig e da Associação de Múltipla Ação Social – Multiação, como o objetivo de desenvolver um amplo estudo sobre as capacidades medicinais, ecológicas, econômicas e sociais do cultivo.

Espécie de planta do Cerrado, a Dimorphandra Sp., também conhecida como fava d’anta, faveira ou favela, é o fitomedicamento com as substâncias naturais rutina, quercetina, ramnose, galactomananos e flavonoides, pioneiro das exportações do setor de medicamentos com ativos naturais pelo Brasil.
Entre as 77 plantas medicinais do Cerrado catalogadas pela equipe responsável pelos estudos, a fava d’anta, é a que mais se destaca, de acordo com o professor e pesquisador da Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais (Utramig), à frente da pesquisa, Fernando Madeira.
 
CARACTERÍSTICAS
Suas árvores têm de três a oito metros de altura com copa densa e casca que se fragmenta em pedaços pequenos e irregulares. O período entre o nascimento e crescimento da muda até o ponto de colheita leva em média três anos.

O cultivo da fava possibilita a criação de microclimas, a sustentabilidade ecológica dos locais de cultivo e um alto rendimento econômico pelas suas substâncias. Elas possuem potenciais terapêuticos e curativos no tratamento de doenças circulatórias, oftalmológicas, dentárias, cirurgia, dermatologia e nutrição, entre outros. São utilizadas para a produção de remédios e cosméticos.

A identificação dos princípios ativos da planta, a qualificação e profissionalização de agentes rurais para o cultivo, manejo, secagem colheita do fruto e a consequente ampliação da cadeia produtiva da faveira aumentam a geração de emprego e renda aos produtores. Hoje, o cenário é promissor.
 
PREÇO
A pesquisa favoreceu um aumento econômico da renda em cerca de 750% em cada tonelada do produto, sendo comercializada hoje a R$ 1,64 frente aos R$ 0,20 anteriormente. É o resultado da ampliação da produção de 24 toneladas para cerca de 980 toneladas anuais, com todo o benefício final transferido diretamente às famílias, que passaram a realizar outros trabalhos no arranjo produtivo.

O projeto já qualificou mais de 1.600 famílias e, hoje, conta com cerca de 400 famílias certificadas que produzem e comercializam os frutos da favela e se mantêm no grupo de produtores agroextrativistas, segundo as boas práticas de monitoramento no campo e nas indústrias.

A pesquisa, iniciada em 1999 e colocada em prática em 2004, teve a motivação inicial da observação da extração dem áreas do Cerrado, onde várias famílias vinham coletando o fruto para envio às indústrias farmacêuticas sem o conhecimento de suas funcionalidades fitomedicamentosas e a aplicação do cliente final.

A iniciativa engloba a parceria com diversas instituições do Estado além da Utramig, como a Associação de Múltipla Ação Social/Multiação, IGTEC, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o Instituto Estadual de Florestas (IEF), e a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), na dispersão do conhecimento e a difusão da tecnologia, além das prefeituras municipais.


Produtores colhem resultados
Nesse cenário promissor tanto para produtores, como investidores e o consumidor final, na primeira etapa do projeto foi desenvolvida uma metodologia de coleta que não interfere no crescimento sustentável da planta.

Os agricultores passaram a adotar requisitos fundamentais para o trabalho. Entre esses estão o diagnóstico para realizar a verificação biológica da planta a ser coletada, que consiste na identificação do ponto de maturação ideal do fruto para extrair o máximo teor do fitomedicamentos e maximizar os resultados.

O trabalhador rural Gilvan dos Reis Mendes, do município de São Francisco, na região Norte, atua no trabalho de capacitação da coleta do fruto da faveira, secagem e comercialização e reassalta os avanços após a realização da pesquisa.

“A situação econômica e social vem melhorando a qualidade de vida de cerca de 400 famílias. Antes existiam os atravessadores, não havia nem capacitação nem conhecimento nem controle de preço ou de preservação. Agora, a fava d’anta envolve muita gente e é feita a curto prazo, entre 30 e 60 dias, e a mercadoria é entregue às empresas por um preço justo, valorizado após a implementação dos estudos na prática social”, disse reis.
 
PREPARAÇÃO
O trabalho de capacitação no campo vai de janeiro a abril e, no mês de maio, é iniciada a colheita nas margens esquerda e direita da região do rio São Francisco. A colheita dos frutos, realizadas dentro do plano de manejo e extração, vai até meados de julho.

Este ano, a previsão é de boa colheita, segundo o produtor. “Os pés de fava estão carregados após um período de uma brava seca no Cerrado. A irrigação é feita com chuva natural, o que influencia na produção e os podões que foram criados durante a pesquisa contribuem para que em seis meses a fava d’anta esteja enflorando de novo”, ilustra Reis.

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