Janaina Gonçalves
Repórter
O bloco cirúrgico está todo equipado para mais uma cirurgia. O paciente é Gleisson da Silva Brito, de nove anos, que veio de Palma de Monte Alto, na Bahia, para a realização de uma cirurgia nos lábios. Tudo de forma gratuita. A cirurgia é destinada principalmente para crianças que tenham Lábio Leporino - uma abertura no lábio ou no palato (céu da boca) que pode ser reparada.
O tempo varia de uma a duas horas, dependendo do paciente. Na sala de cirurgia, pai, filho e filha, que são cirurgiões, além de outros especialistas da área trabalhando junto para execução de mais um trabalho, que exige cuidado, técnica e paciência.
De acordo com cirurgião plástico, Carlos Alberto Rocha Souza, formado há quase quarenta anos e membro Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, este trabalho voluntário começou logo quando iniciou a carreira de médico, no norte do País, e até hoje sempre que pode faz estes procedimentos.
- Esta foi uma maneira que encontrei para retribui as pessoas o dom que recebi.
FELICIDADE
Antônia Pereira da Silva, lavradora, mãe de Gleisson, estava radiante de felicidade e emocionada com o gesto de solidariedade do médico.
- Desde dois meses de vida do meu filho luto para que ele pudesse fazer esta cirurgia e hoje confesso que realizei o sonho de uma vida inteira. O que ocorreu hoje foi uma benção do Senhor.
Ela contou ainda, que o menino é alegre e leva uma vida o mais normal possível, apesar da deformação que tinha na boca.
– Ele sempre sofreu na escola, os colegas sempre tinham um apelido para ele e isso me entristecia porque não podia ajudá-lo.
Segundo o cirurgião, ele já realizou mais de duzentas cirurgias e não quer parar.
– Enquanto alguém estiver precisando, eu vou tentar ajudar com o meu trabalho. Hoje, para uma cirurgia como esta, o custo pode chegar a R$ 10 mil e sei que nem todas as pessoas têm condições de pagar. A sensação que tenho é muito boa e de dever cumprido.
PROCEDIMENTO
Todo procedimento é realizado num Hospital especializado em cirurgias plásticas. Para ser beneficiado mais do que correção facial, o cirurgião alerta para boas condições do paciente.
– Importante que ele não esteja com anemia e nenhuma doença mais séria, para isso é realizada uma análise clinica, com exames pré-operatórios, para avaliar as condições da pessoa.
Mas o cirurgião avalia que este procedimento poderia ser feito de forma mais efetiva na cidade, mas se esbarra em alguns tramites do governo do estado.
- Hoje não temos autorização pelo Sistema Único de Saúde para a realização deste procedimento. A maioria dos casos é encaminhada para hospitais de São Paulo e isso é ruim para o município, já que temos profissionais capacitados para isso - ressalta.
Luziara Gomes Pereira esbarrou nesta burocracia e há quase 10 anos ela vinha tentando para que a filha, Juliana Pereira Souza, de oito anos, fizesse a cirurgia.
– Demorou, mas Deus mandou este anjo para me ajudar. Estou feliz, com minha filha operada e não vejo a hora de voltar para casa, com ela, saudável e mais alegre, porque era um sonho dela ter os lábios normais.