Cigarros e derivados custam R$ 57 bi ao país, diz pesquisa

Pesquisa aponta que prejuízos ao país são maiores do que a arrecadação com impostos

O NORTE
31/05/2017 às 23:43.
Atualizado em 15/11/2021 às 15:41
Desde 2017, não há reajuste, nem do imposto que incide sobre os produtos derivados do tabaco (Reprodução/Internet)

Desde 2017, não há reajuste, nem do imposto que incide sobre os produtos derivados do tabaco (Reprodução/Internet)

O custo do tabagismo para o Brasil é alto. Estudo divulgado ontem, no Dia Mundial sem Tabaco, mostrou que o consumo de cigarros e derivados causa um prejuízo de R$ 56,9 bilhões aos cofres públicos a cada ano. No bolo, entram gastos com despesas médicas e custos indiretos, decorrentes da perda de produtividade provocada por morte prematura ou por incapacitação de trabalhadores.

Por outro lado, o levantamento, lançado pelo Ministério da Saúde e pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), apontou que a arrecadação de impostos com cigarro no Brasil é bem menor que os prejuízos. Em 2015, a coleta de taxas com a venda do produto foi de R$ 12,9 bilhões, gerando um saldo negativo R$ 44 bilhões.

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) relacionada ao fumo foi a enfermidade que mais onerou os cofres públicos: R$ 16 bilhões. Em seguida, aparecem as doenças cardíacas (R$ 10,3 bilhões), o tabagismo passivo e outras causas (R$ 4,5 bilhões), cânceres diversos (R$ 2,3 bilhões), câncer de pulmão (R$ 2,3 bilhões) e Acidente Vascular Cerebral (R$ 2,2 bilhões).

Apesar das estatísticas, o ministério ressaltou que a pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 2016 aponta queda, nos últimos dez anos, no número de adultos que fumam. A prevalência de dependentes da nicotina caiu de 15,7%, em 2006, para 10,2% em 2016.

“Podemos avançar mais ainda, pois o cigarro brasileiro continua muito barato quando comparado a outros países. Mas, antes disso, precisamos eliminar o contrabando, que tende a neutralizar o efeito dessa medida”, afirma Tânia Cavalcante, secretária-executiva da Comissão Nacional para Implementação da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (Conicq).

Em uma simulação para os próximos dez anos, a pesquisa aponta que o número de mortes em decorrência do tabagismo pode cair se o preço do cigarro for elevado em 50%. Dessa forma, seriam evitados 136.482 óbitos, além de 507.451 infartos e outras doenças cardíacas e 64.383 novos casos de câncer.
Com a diminuição do consumo, os ganhos econômicos, ainda de acordo com o estudo, seriam de R$ 97,9 bilhões em uma década, com redução das despesas médicas e aumento na arrecadação tributária.

Ações tentam reduzir o tabagismo
A proibição da publicidade de cigarros nos meios de comunicação e nos pontos de venda é uma das estratégias adotadas pelo governo federal para reduzir o tabagismo no país.

Além disso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) abriu, neste ano, uma consulta pública para atualização das imagens e advertências nas embalagens de tabaco, que não são trocadas há nove anos. A ideia é colocar mensagens mais diretas nos maços, como “Você brocha” e “Você morre”.

“Também estamos conversando com o Supremo Tribunal Federal para julgar e liberar a proibição da Anvisa de colocar aditivo de sabor nos cigarros”, disse o ministro da Saúde, Ricardo Barros, durante a solenidade de lançamento da pesquisa sobre os impactos econômicos do fumo no país. Segundo ele, os jovens que iniciam no tabagismo são os mais atraídos por esse tipo de substância.

O ministro chamou a atenção, ainda, para as campanhas que buscam sensibilizar as pessoas a deixarem de fumar.

MEIO AMBIENTE
Além dos impactos aos cofres públicos e à saúde humana, o tabagismo é extremamente prejudicial à natureza, de acordo com pesquisa também divulgada ontem pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Conforme o órgão, o tabaco contém mais de sete mil substâncias químicas tóxicas ao meio ambiente. A fumaça do cigarro também libera gases do efeito estufa.
O levantamento mostrou que quase 10 bilhões dos 15 bilhões de cigarros vendidos diariamente no mundo são jogados no meio ambiente.
A OMS também defende a proibição do tabaco em ambientes fechados e reajuste nos valores dos impostos dos produtos.

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