Reforço contra a ‘cultura da cesárea’

Menos da metade dos partos realizados no Estado neste ano foram normais, segundo a Secretaria de Saúde

Tatiana Lagôa
Hoje em Dia - Belo Horizonte
27/12/2017 às 21:52.
Atualizado em 03/11/2021 às 00:28
 (Arquivo Pessoal)

(Arquivo Pessoal)

A cada dez mulheres que tiveram filhos em Minas na rede privada de saúde, de janeiro até o último dia 26, apenas quatro fizeram parto normal – o que equivale a 42,25% do total. Para melhorar esses indicadores, humanizando o nascimento, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que regulamenta os planos de saúde no país, vai iniciar a fase dois do Projeto Parto Adequado. 

Criada em 2014, a iniciativa busca reduzir a quantidade de cesáreas no país. Na primeira fase, 35 hospitais se dispuseram a mudar a estrutura e a mentalidade de médicos e pacientes com relação às formas de concepção. Segundo a ANS, 10 mil cesáreas desnecessárias foram evitadas desde então. 

Em janeiro, será iniciada a próxima etapa nacional do projeto, com 131 hospitais do país, sendo 15 mineiros. Não há previsão de instituições do Norte de Minas. 

O hospital Mater Dei, de Belo Horizonte, aderiu à proposta desde a fase anterior. O resultado foi um aumento das taxas de partos vaginais de 49% para 63%. A meta é fechar o ano em 65%. “Nós percebemos que existia um desejo maior por parte das mães pelo parto vaginal. Então, começamos a trabalhar a equipe médica, deixamos a estrutura mais adequada e passamos a munir nossos pacientes de mais informações a respeito”, afirma o coordenador da equipe de ginecologia do hospital, Carlos Henrique Mascarenhas Silva. 

Ele lembra que, no parto cirúrgico, os riscos são maiores. “Há mais chances de infecção na cesárea. Além disso, quem opta pelo parto vaginal tem menos risco de sangramentos e uma recuperação mais rápida”. O médico defende que a escolha da mulher, feita de forma consciente, seja respeitada. 
 
INDICADORES 
Segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), dos 233.446 partos feitos no Estado, 98.633 foram vaginais. 

Doula desde 2008, Polly do Amaral acredita que os altos índices de cesariana tenham várias explicações. “Existe uma cultura que empurra a mulher para a cesárea, questionando a capacidade dela de ter o controle da situação. Nem todos os profissionais da saúde são preparados para que a mulher seja a protagonista do processo do nascimento, enquanto ele só assiste”, diz. 

A funcionária pública Fabiana di Franco Consani, de 38 anos, remou contra essa maré e conseguiu ter os dois filhos em partos humanizados. O mais velho tem 5 anos e a caçulinha nasceu no último dia 15. “Pesquisei muito e pude contar com uma boa equipe, além do apoio do meu marido”, conta. 

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