Papanicolau: simples e eficaz

Mais da metade das brasileiras resiste a fazer o exame periodicamente nos consultórios ginecológicos

Ana Júlia Goulart, Mariana Durães
Hoje em Dia - Belo Horizonte
27/03/2018 às 00:15.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:03

Apesar da fama de cuidarem mais da própria saúde que os homens, as mulheres ainda pecam por não se submeterem anualmente ao exame Papanicolau. Pelo menos 52% das brasileiras abrem mão do procedimento, de acordo com pesquisa recente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (Sboc). O teste é simples, feito em consultório ginecológico, e ajuda a prevenir o câncer de colo de útero, a quarta doença que mais mata mulheres no país.

Só em Minas Gerais, a estimativa do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) é de registro de 890 novos casos. O estado segue o cenário nacional, conforme a Sboc. Por aqui, 51% das mulheres costumam realizar o exame regularmente. O tratamento preventivo é eficaz, sendo que a incidência da doença pode ser reduzida em até 80%, caso o acompanhamento seja feito constantemente.

De acordo com a diretora da Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais (Sogimig), Thelma de Figueiredo e Silva, o procedimento deve ser feito pelo menos uma vez por ano depois do início da vida sexual da mulher. Em caso de incidência da patologia na família, o acompanhamento deve ser ainda maior. “As chances de cura são muito maiores com a detecção antecipada do problema. E isso não vale apenas para o câncer de colo de útero”, afirma a ginecologista.

A profissional lembra que outros exames devem ser feitos periodicamente para evitar doenças graves que acometem as mulheres. O ultrassom pode apontar alterações nos ovários e possível presença de células cancerígenas, e a mamografia avalia os nódulos nos seios antes que eles possam ser palpáveis.
 
SINTOMAS
Nos primeiros estágios, a doença pode ser assintomática. Nos casos mais avançados, porém, a mulher pode sentir dores durante a relação sexual, ter sangramentos espontâneos ou durante a penetração, e notar alguns corrimentos com mau cheiro.

Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana, João Pedro Junqueira Caetano, a condição silenciosa da enfermidade prejudica a prevenção. “As mulheres só buscam o ginecologista quando sentem algo ou notam alguma coisa diferente. E, no caso do câncer de colo de útero, isso demora mais, já que a lesão é interna”, explica.

A correria do dia a dia também tem influência sobre a realidade da patologia no Brasil, apontam especialistas. Para Caetano, as pessoas só têm tempo para as doenças quando elas incomodam as atividades corriqueiras. “Não há o conceito de medicina preventiva. Ela é sempre para reparar algo que está ruim”, observa.

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